CríticaFilmes

Bom Comportamento | Crítica

“Bom Comportamento” é um filme extasiante. Um longa que nos deixa tensos quase a todo momento, correndo junto com seus personagens enquanto eles tentam resolver suas vidas. Não do jeito mais simples, claro, mas com as melhores intenções de confiança, amor e companheirismo. Só que estamos falando de contraventores e pessoas com vidas complicadas, com mil camadas de problemas a resolver e transpor, mas sem muitos recursos para isso.

Os irmãos Nikas, parceiros em tudo.

A trama gira em torno de Connie Nikas (Robert Pattinson) e Nickolas Nikas (Ben Safdie). Connie é o malandro. Nick é o inocente. Nick tem algum tipo de deficiência mental, Connie até se faz valer disso, mas não quer que o irmão se veja como um deficiente, e por isso, barra o apoio psicológico que tentam dar ao irmão. Tentando incluí-lo em suas atividades e mostrar como são importantes um pro outro, Connie leva o irmão num assalto a banco. Tudo está indo bem, mas Nick fica nervoso e acaba sendo preso. O filme, então, vai nos mostrar a luta de Connie para tentar tirar o irmão da cadeia. Entramos em uma sucessão de acontecimentos desesperados que acontecem no intervalo de apenas um dia.

Connie faz de tudo. Ele teme pela integridade física do irmão na cadeia e quer ajudar.

O filme muda de tom e inverte o foco em dois momentos, no tempo certo. Está num tom mais tranquilo, passa para a correria desenfreada, volta à tranquilidade, e isso sem passar do ponto nem nos deixar cansados, mais um ponto positivo na boa construção da obra. Aliás, um dos protagonistas é também um dos diretores: Ben Safdie dirige o longa junto com seu irmão Joshua Safdie. E como fazem um bom trabalho! Ben deve ser parabenizado e em dobro, já que entrega uma interpretação exemplar de uma pessoa que tem um tempo de resposta diferente e fica mais desnorteado com os problemas que vai tendo que enfrentar – com um final muito especial também, dando a dramaticidade no ponto certo. Mas não apenas ele. O elenco é todo ótimo. Com destaque para Pattinson que tem a emoção na pele, alternando entre sujeito escroto e amoroso.

Escroto com quase todo mundo, mas um irmão pra ninguém botar defeito.

Vale destacar também que quando o filme usa flashbacks é tão surpreendente e interessante que arranca sorrisos, mesmo a cena sendo mais dramática. É inesperado, uma lembrança do dia anterior que vem narrada por um cara que vem a se tornar um parceiro de crime e que nos conquista ali, em poucos minutos em tela, ao nos fazer acompanhar suas peripécias. A trilha é um show à parte, muito bem empregada, crescendo e diminuindo, nos deixando vidrados, sem sentir o tempo passar.

Bom Comportamento só não ganha nota máxima porque não podemos fechar os olhos para a representatividade em cena… O personagem de Pattinson menospreza todo mundo, independente de quem seja. Esse não é o “problema”, pois não é seletivo. O que é questionável é o papel dos negros no filme, reduzidos a personagens submissos, ludibriados e oprimidos. Não vejo como algo conscientemente proposital, mas já que me incomodou não poderia dar nota máxima. Mesmo assim, não deixa de ser um ótimo filme. A Vigília recomenda!

Veredito da Vigilia

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *