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Baseado em Fatos Reais, o novo filme de Roman Polanski | Crítica

Com estreia marcada para dia 12 de abril, Baseado em Fatos Reais é o novo longa do polêmico diretor de cinema Roman Polanski. Após suas narrativas verborrágicas em Deus da Carnificina (2011, que infelizmente saiu do catálogo da Netflix) e A Pele de Vênus (2014), ele retorna com um filme inventivo, mas não tão arrebatador ou inédito, embora com a qualidade que sua assinatura assegura.

Roman Polanski e a esposa Emmanuelle Seigner

Baseado em Fatos Reais traz em sua dupla de protagonistas Emmanuelle Seigner (premiada atriz e também esposa de Polanski) e Eva Green (Sin City: A Dama Fatal, O Lar das Crianças Peculiares e da série Penny Dreadful). Elas comandam o espetáculo, que começa com o bloqueio criativo da escritora Delphine Dayrieux (Emmanuelle), que se fecha para tentar dedicar todo seu tempo a uma nova história. Mas ela conhece uma fã, e começa a se relacionar bem de perto com ela, não por acaso nominada como Elle (Eva Green). Está lançado o conflito, que vai oscilar uma grande amizade com uma grande calamidade. Começa também o show do thriller psicológico imposto por Polanski, alavancado pela performance das protagonistas e por cartas anônimas que impactam todo o histórico e trabalho da escritora Delphine.

Eva Green: sempre expressiva e enigmática.

Apesar da grife de Polanski, que sabe aumentar o clima e nos lançar dúvidas e inquietações como ninguém, Baseado em Fatos Reais nos traz algo já visto antes. Como citei antes, nada tão arrebatador ou inédito. E talvez isso enfraqueça um pouco o impacto do filme. E quem assistir vai saber, porque, né, não tem como lançar esse tema aqui sem que seja um grande spoiler do filme. Mas o grande trunfo do filme não é um plot-twist inédito. Pelo contrário.

A trama é inquietante, psicológica, e vai brincando com o espectador a cada camada que avança o relacionamento da escritora e sua “fã”. Primeiro ela se torna amiga, passa por confidente, invade o espaço do apartamento da escritora, até literalmente tomar o lugar dela. O nível de piração vai cercando as duas e prendendo o público. Delphine é a escritora centrada, embora perturbada pelo bloqueio criativo. Já Elle faz as vezes de linda e talentosa, firme em suas posições. Expansiva, ela mostrará que sua presença pode ser tóxica. Em toda essa construção, Polanski vai nos deixando pistas pelo caminho, e, de certa forma, são fáceis de se perceber.

A caixinha de brinquedos do diretor é intensa e enigmática, fazendo com que Baseado em Fatos Reais cumpra um papel de filme secundário na carreira de Polanski. Mas é como os grandes diretores nos acostumaram. Um filme sem lá grandes inspirações de um grande diretor, ainda é melhor que a média geral das produções. E Polanski é Polanski, ainda que não se faça sempre genial.

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