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Awake podia ser só mais um sobre apocalipse, mas surpreende

Entre tantas obras recentes sobre um mundo apocalíptico ou pós-apocalíptico (especialmente da Netflix), como “Amor e Monstros”, “Army of The Dead” e “Sweet Tooth”, era de se esperar que “Awake” passasse batido. Mas, na verdade, fomos surpreendidos com uma ótima história.

Dessa vez, o desastre que levou o mundo a um colapso foi uma pane geral, que desativou toda a eletricidade, aparelhos eletrônicos (e a maior parte dos carros) e o mais curioso de tudo: fez com que ninguém mais fosse capaz de dormir.

Como telespectadores, acompanhamos esse estranho fenômeno junto da história de Jill (Gina Rodriguez, de “Jane The Virgin”) e seus dois filhos: Noah (Lucius Hoyos) e Matilda (Ariana Greenblatt, que faz a pequena Gamora em “Vingadores: Guerra Infinita” e que esteve em “Amor e Monstros”, mencionado acima). Para eles, o choque de um evento mundial catastrófico logo se torna uma fuga por sobrevivência, uma vez que a pequena Matilda parece ser a única capaz de colocar o sono em dia, deixando-a, instantaneamente, na mira de todos.

Além de precisar salvar a filha de tudo, a nossa protagonista Jill também precisa buscar formas de se manter sã, enquanto, lentamente, assim como todos, observa sua mente chegar à loucura, causada pela privação do sono. E é dessa forma que “Awake” vai se tornando mais e mais interessante.

Awake: Lucius Hoyos é Noah, Gina Rodriguez é Jill, Ariana Greenblatt é Matilda. Cr. Peter H. Strank

Aqui não só temos a chance de ver o quão rápido um mundo “sem regras” pode se tornar caótico, como muitas histórias de apocalipse (e The Purge, no geral) costumam mostrar, mas também de ver a forma com que a nossa mente pode ir se deteriorando pouco a pouco. É uma entrada para ver, realmente, o pior do ser humano, tanto de forma emocional, quanto física.

Gina Rodriguez brilha em seu papel, nos trazendo a redenção de uma mãe que nem sempre pôde ser a sua melhor versão para os seus filhos. Nesse ponto, a obra equilibra bem a dose do que precisa ou não ser explicado ao telespectador. Toda a sistemática sobre a privação do sono e os efeitos causados no corpo, por exemplo, são bem explicados, principalmente a partir das observações pontuais da própria protagonista, cujo passado misterioso no exército tem relação com a mesma temática. Já outros entendimentos sobre o que causou o quê em sua vida acabam ficando de lado, uma vez que não fazem muita diferença para o desenrolar de tudo.

Awake: um fim do mundo sem sono

E a história, assim, vai virando uma corrida contra o tempo. Buscar uma cura, colocando a filha em perigo, ou fugir? Será possível sobreviver sem uma cura? A família precisa encontrar uma resposta, ao mesmo tempo em que a matriarca tenta passar tudo o que puder de conhecimento sobre o mundo para sua filha pré-adolescente. Aprender a atirar, ler mapas e dirigir carros precisa ser “uma missão cumprida” em poucas horas…

Apesar de tudo isso, creio que “Awake” ganhe mais pontos mesmo por sua despretensão. Mesmo com uma ideia elaborada, o plot é simples e até comum: família busca sobrevivência em meio ao fim do mundo. Não é preciso grandes efeitos para contar essa história, nem de chocantes plot-twists. Bastou uma boa construção e uma bela sacada final para termos um resultado envolvente e intenso.

Veredito da Vigilia

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