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Atypical: temporada final debate o crescimento e recomeços

A última temporada da delicada “Atypical” chegou à Netflix e encerrou a jornada de Sam e sua família da melhor forma possível.

Para escrever esse veredito, aproveitei e recuperei a crítica dada à primeira temporada, lá de 2017. Essa leitura tornou ainda mais especial o texto que aqui escrevo, já que é nítida a forma como início e final se conectam, trazendo ainda mais impacto para esses últimos episódios.

https://youtu.be/b9DOcfyezD0

Ao longo dessa temporada final, temos o desenvolvimento de um “terceiro ato” dos nossos protagonistas, que além de encerrarem as suas jornadas, acabam encontrando recomeços e novas oportunidades.

Este é um ponto que Atypical realmente continuou a acertar. Mesmo sendo Sam (Keir Gilchrist) o ponto principal da história, todos os demais personagens ganham a chance de desenvolverem suas próprias histórias e de crescerem com elas. 

Casey (Brigette Lundy-Paine), por exemplo, é a adolescente relacionável: ela se perde, erra, aprende. E na busca pela conexão consigo mesma, acaba também fortalecendo laços com seus pais e encontrando o seu futuro. Sua história com Izzy (Fivel Stewart) também ganha mais sentido e relevância para a sua jornada. Dentro desse arco, ainda temos a questão da sua sexualidade, da pressão estudantil e da busca pelo seu lugar no mundo. É a adolescência em toda a sua realidade e sofrência mostrada na tela, com muita delicadeza e os devidos cuidados.

Atypical última temporada
ATYPICAL: Brigette Lundy-Paine é Casey e Fivel Stewart é Izzie

A série, ao longo dos seus quatro anos, foi constantemente mostrando o poder do entretenimento, da televisão e da cultura em nos educar positivamente para alguma coisa. Mesmo falhando em alguns aspectos e dividindo a opinião do público-alvo em outros momentos, Atypical nos traz muito sobre o espectro do autismo e também acaba sendo uma excelente forma de mostrar para o público jovem atual como relações reais (familiares, românticas, de amizade) realmente podem ser.

Já o casal Doug (Michael Rapaport) e Elsa (Jennifer Jason Leigh), que já tinha passado por muito sufocos, agora passa por mais algumas provas, ao passo que também, de fato, prova, que o afeto e o amor podem ser dignos de segundas chances. Mesmo já tendo se fortalecido novamente como casal, individualmente cada um passa pelos próprios problemas, porém encontrando em casa o apoio e suporte necessários para superarem tais obstáculos.

Keir Gilchrist marcou demais como Sam Gardner

Então temos os “agregados”, o suporte da série que traz boas risadas. Zahid (Nik Dodani) e Paige (Jenna Boyd) continuam roubando a cena, enquanto também passam pelos desafios da vida e buscam seus novos propósitos. Aqui vale uma menção honrosa também aos amigos de faculdade de Sam, que acabam se encaixando perfeitamente na trama e nos mostram toda a beleza da diversidade.

Passamos por tudo isso até chegar novamente em Sam, que literalmente me trouxe às lágrimas em uma cena final com Paige, onde Keir mostrou todo o crescimento do seu personagem. Aqui tivemos a chance de ver que com uma boa rede de apoio, todos somos capazes de buscarmos o nosso propósito e a nossa melhor versão. 

Com isso, Atypical, que continuou delicada e sensível, trouxe, mais uma vez, a oportunidade de nos fazer parte da família Gardner, tão rica em suas imperfeições e tão normal com suas diferenças. 

Veredito da Vigilia

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