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Assédio: a nova série da Globo surpreende e envolve

A série Assédio contém diversos gatilhos, como estupro e outros diversos tipos de violência contra a mulher

Com exclusividade para a GloboPlay, a Rede Globo produziu Assédio, série escrita por Maria Camargo e dirigida por Amora Mautner, que foi inspirada no livro A Clínica – A Farsa e os Crimes de Roger Abdelmassih. O primeiro episódio foi exibido na noite de segunda-feira, dia 15 de outubro, na televisão aberta e surpreendeu positivamente.

Confira o trailer:

Para quem não lembra, Roger Abdelmassih é um ex-médico renomado, especializado em reprodução humana, com mais de 7000 nascimentos na conta, via reprodução assistida, e que se auto-intitulava como “doutor vida”. Mas, era no momento de fragilidade das mulheres, em que elas estavam sedadas, após passar por algum procedimento, que ele aproveitava para assediá-las e, em muitos casos, estuprá-las. As denúncias começaram a ser feitas em 2008, quando uma ex-funcionaria da clínica relatou ao Ministério Público que seu chefe tinha tentado beijá-la à força. Em junho de 2009, com base no depoimento de 40 ex-pacientes, Abdelmassih foi indiciado por estupro e atentado violento ao pudor. Depois de dois anos de investigação, ele foi condenado a 278 anos de prisão por 56 estupros.

Antonio Calloni é Roger Salada, personagem claramente espelhado em Abdelmassih, que se mostra arrogante, vaidoso e se compara, constantemente, à Deus. Inclusive, em certa cena, lembrando que ele mexe com a esperança das pessoas. “Todos sabem que eu trabalho com a fé”. Calloni parece ter sido uma decisão acertada e convence como esse personagem tão marcante, que tinha sérios problemas de controle de raiva, aparentemente. Logo de cara você vai ficar com raiva dele.

Adriana Esteves mais uma vez rouba a cena

Contudo, quem rouba a cena é Adriana Esteves (Benzinho). Dando vida à Stela, uma mulher que sonha em ser mãe com todas as suas forças, mas que passou por algumas gestações frustradas e um pouco traumatizantes. Ela busca no “doutor vida” a sua chance de ter um filho biológico. Ela se entrega ao papel e faz com que o espectador simpatize com ela logo de início.

Assédio não trabalha com uma narrativa linear. Alguns elementos de documentário e entrevista são costurados com eventos em datas distintas, mas todos são muito bem editados, dando ritmo adequado à serie. Algumas cenas são realmente impactantes, mostrando a violência que a vítima sofria, fazendo com que quem estiver assistindo sinta um verdadeiro incômodo, corretamente colocado pela direção da série.

Outros dois elementos que devemos salientar são a fotografia e a trilha sonora. Com cores escuras e pesadas, nas cenas em que Roger participa, até um cenário totalmente verde, em que só ele se sobressai, a série consegue construir uma atmosfera interessante. Os jogos de câmera também são muito bem utilizados, fugindo de planos padrões em muitas cenas. A trilha sonora completa e fecha a cena, tornando a experiência de assistir essa série muito mais interessante.

Assédio é mais um elegante passo da Rede Globo. Pontual, bem feita, bem construída, sem apelações, mas com um assunto que deve ser discutido, debatido e trazido às telas, afinal, nós precisamos falar sobre violência contra a mulher. Não vemos a hora dessa série chegar por completo na televisão aberta e atingir milhões de brasileiros. Por enquanto, a série pode ser conferida no serviço de streaming GloboPlay.

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