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Aquaman: A DC acerta outra vez | Crítica

O trem do universo cinematográfico da DC Comics parece realmente estar voltando aos trilhos. Aquaman é o segundo longa da safra recente (não vou contar a bela trilogia de Batman do Christopher Nolan) que consegue entregar um bom filme de super-heróis, sem se perder ou com ímpeto de ser completamente fora do tom. O primeiro é Mulher-Maravilha. Com dignidade e muita, mas muita grandiosidade, o criativo diretor James Wan (Velozes e Furiosos, universo Invocação do Mal) trouxe um apanhado de referências do mundo oriental e entregou, se não uma boa história (o roteiro é bem rasteirinho), mas uma boa obra, com todos os contextos que a envolve. E isso deverá se refletir nas bilheterias mundo afora. Já aposto na maior bilheteria da DC Comics no cinema em todos os tempos. Um feito e tanto para o herói que sempre foi avacalhado nos programas de TV da vida. E desde já, temos a certeza de que a parceria com a Warner acerta mais quando não tenta ser um universo todo interligado. Os filmes independentes sem a megalomania do “universo compartilhado” da concorrente Marvel, nesse momento são o que a DC precisa. E assim será com os futuros Shazam! e Mulher-Maravilha 1984.

 

Pra quem gosta de uma aventura cheia de pequenas missões (cheia mesmo), Aquaman é um prato cheio. E dá pra imaginar a trabalheira que foi fazer esse filme. Em quase duas horas e meia somos jogados a um mundo completamente novo. Um dos grandes acertos do filme, diga-se de passagem, é deixar a Terra de lado e mergulhar (com o perdão do trocadilho) de vez em Atlantis e seus muitos e muitos reinos. Tudo é claro, regado a muito efeito especial, sempre muito caprichado, e que pede uma tela com toda a definição possível pela tecnologia atual. Dentro da água, quase tudo funciona muito bem, e somos apresentados às mais diversas criaturas aquáticas. E por isso, a palavra “grandioso” e seus derivados vão nos acompanhar pelo resto dos próximos parágrafos.

Essa fileira de animais marinhos não é nem a metade do que está por vir!

Aquaman é ao mesmo tempo uma continuação do universo DC nos cinemas, e uma história de origem. Isso fica evidente, embora o entrelaçamento com o tal “universo” se resuma a uma só frase. E isso é ótimo, afinal, ainda lambemos as feridas de Liga da Justiça. Temos na estrela Nicole Kidman, a Rainha Atlanna, o início de tudo. Fugida do casamento arranjado, ela conhece em um faroleiro o pai de seu primeiro filho, do qual ela será privada de ver logo ali na frente. Os reinos submersos vão buscá-la, dando o estopim para toda a saga que virá pela frente para que um futuro Aquaman encontre seu destino de rei.

Jason Momoa: uma atuação que não compromete o filme

Mas até lá, temos novamente a grandiosidade. A primeira dela é a das cenas de ação. A própria Atlanna protagoniza uma bela coreografia nos créditos iniciais. Depois disso, vemos um filme que mistura aventura, alguns traumas que será cobrados mais na frente (culpa do errante herói interpretado por Jason Momoa), e uma série de planos… grandiosos. James Wan parece se divertir a cada take. O ritmo é um tanto frenético e em pouco tempo vemos várias coisas acontecendo. Dentro desse espírito, algumas escolhas estranhas, sejam de piadas (a maioria bem esquisita) e até de trilha sonora (muitas delas não combinam ou encaixam com a proposta das cenas), que está lá meio para cumprir tabela e enfiar algum contexto pop dentro da obra.

Mera (Amber Heard): é tanta gente bonita no filme que a gente até se sente mal.

Os personagens vão entrando aos poucos e cada um desempenha o seu papel, embora seja bem fácil questionar alguns deles e suas atitudes. Mera (Amber Heard) é uma delas. Embora queira o bem dos “dois mundos”, suas atitudes não são lá sempre louváveis. Orm (Patrick Wilson) que o diga, afinal viu diante de todo o reino sua noiva fugir com o intruso que até então jamais havia mergulhado em Atlantis (mas ele no final até entrega como vilão principal). Vulko (o sempre competente Willem Dafoe) é o leva e trás, o cara que segue seu rei, só que nem sempre. É ele quem treina o jovem Arthur Curry, e faz as idas e vindas entre a terra e o mar. Por fim, um Arraia Negra (Yahya Abdul-Mateen II) um pouco secundário, mas responsável pelo melhor plano sequência em um filme de herói que você já pode ter visto. A sua perseguição contra Aquaman e Mera na Itália é realmente marcante, para o nosso total deleite visual. Só um pouco injustificável seu espírito de grande cientista ao ponto de reconfigurar um traje vindo direto do fundo do mar. Pausa para comentar o design das roupas dos Atlantis: parece que todos saíram de uma série japonesa. Até mesmo o comportamento de alguns nos remete a um Jaspion ou Changeman da vida. E aqui isso não é uma crítica ou um deboche.

James Wan brinca em cada take e entrega um filme grandioso.

As influências japonesas continuam também nas guerras embaixo d’água, e, SPOILER MÁXIMO: temos luta de monstros gigantes e socos-foguete (lembra do que vimos em Círculo de Fogo? Pois é). Ao mesmo tempo que tudo é exagerado, o filme não tem vergonha em assumir: você está vendo um filme de um personagem que fala com peixes, domina os oceanos, tem um tridente, super-força e tudo mais. E quando o volume vai aumentando, você mescla sentimentos conflitantes de aflição e empolgação. Como já disse antes, é tudo muito grandioso.

Visual e design: produção está de parabéns!

James Wan acertou o tom. Isso aqui é Aquaman, um filme de herói, sem ter vergonha nenhuma em suas escolhas. É o melhor filme de super-herói do ano? Com certeza não, mas a diversão é mais do que certa. Você vai torcer o nariz em alguns momentos? Com toda a certeza, mas é pipoca mais do que garantida.

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Veredito da Vigilia

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