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Apostas reais em “A Grande Jogada” | Crítica

A Grande Jogada é mais uma história real que ganha as telonas. Baseado no livro autobiográfico de Molly Bloom (que assina o roteiro) a trama, tal qual como visto em “Eu, Tonya”, também tem seus toques inacreditáveis. Mas apesar de um bom filme, e com indicação para o Oscar de Melhor Roteiro Adaptado, não tem o brilho de outras obras que carregam Jessica Chastain, a personagem principal, e Idris Elba, o advogado Charlie Jaffey. O primeiro filme de Aaron Sorkin (roteirista de A Rede Social e mais uma penca de filmes bons) acaba pecando pelo excesso, ficando longo e um pouco arrastado, dando um prólogo e um epílogo que, no fringir dos ovos, não encaixam da melhor forma. Ainda assim, consegue ser um filme interessante pela história que conta.

Jessica Chastain é Molly Bloom em A Grande Jogada

Imagine você no auge dos 20 e poucos anos, com uma carreira escolar quase brilhante, que lhe conseguiria as melhores faculdades, e ao mesmo tempo o talento e a competência para ganhar uma medalha olímpica. Isso seria só o começo de um futuro ainda mais promissor, não é mesmo? Mas para Molly Bloom foi o começo de uma virada que ninguém imaginaria. E por isso, estamos diretamente ligados ao questionamento: Qual é a pior derrota que se pode ter? Ficar em segundo lugar? Ficar em quarto numa Olimpíada? Ou só perder para a Argentina, em qualquer modalidade? Tudo isso só ficando nos interessantes exemplos colocados pelo filme. A resposta é: depende. E voltamos a lembrar, essa é uma história real.

Molly larga tudo (e você saberá o porquê se olhar o filme) e se transforma em uma pessoa “normal”. Sem a pressão do pai (Kevin Costner) ela decide tirar um ano sabático que transformaria sua vida para sempre. Faculdade de Direito? Continuar a carreira de esquiadora? Nada disso, o destino a jogou para ser uma das maiores promotoras de jogos de Pôquer dos Estados Unidos. Tudo na surdina, mas sem cometer (muitos) delitos. Artistas da música, do cinema, da TV e empresários multimilionários passaram a conviver com ela e buscando suas famosas rodadas, que, com o andar e evolução da quantidade de apostas, se tornava cada vez mais lucrativo. Tudo conforme a lei… até que um dia, ela resolve desistir dos princípios legais. FBI, investigadores e sua prisão começam a rondar seu futuro.

Jessica Chastain e Idris Elba ajudam a recontar a história real da Princesa do Pôquer.

Com toda a guinada em sua vida e o mundo que ronda os jogos de azar (ou nesse caso, de habilidades) fica fácil escorregar. E apesar de metódica, orgulhosa e justa, Molly acaba perdendo o controle. Para sua sorte, suas jogadas acabam a levando do fundo do poço às mãos de um competente advogado (Elba). Pela causa de Molly, ele se torna decisivo. E aqui surgem mais alguns dramas familiares. Tudo contado de forma satisfatória, mas sem um grande momento. Apesar de Molly ser a pessoa para quem você pode contar o seu segredo mais profundo, pois ele ficará em segurança, a história mostra com certa artificialidade que ela realmente deixaria de se beneficiar em prol de pessoas que sequer dariam valor para essa preocupação. Um pacto de honra que parecia ser só dela e que soa uma artimanha para deixá-la com uma boa imagem perante todos. E isso nos leva a um fechamento narrativo que até pode combinar, mas ainda traz aquela sensação de que faltou algo para tornar todo drama ainda mais convincente. Muitos diretores perseguem isso, de encantar o público no final. E infelizmente A Grande Jogada do filme acaba sendo sua proposta, e não sua total execução.

Veredito da Vigilia

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