Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore finalmente embarca no mundo mágico

Três parece ser um bom número para a franquia Harry Potter. Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban foi um ponto de virada e amadurecimento do bruxinho e de toda sua turma. E, mais uma vez, chegamos à marca do terceiro filme. Agora, do spin-off polêmico. Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore teve baixa no elenco, crise na Warner, adiamento em função da Pandemia, mas conseguiu dar a volta e superar os dois filmes que vieram antes.

Após sair da sessão de cinema, precisei entender porque este terceiro Animais Fantásticos prendeu minha atenção. Me deixou com um gostinho de “quero mais”, bem diferente do segundo filme. Percebi que foi o fanservice que ele entregou. Afinal, Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore me convidou a entrar, novamente, de cabeça no mundo mágico.

O protagonista é ele. Dumbledore (Jude Law), o professor mais amado de toda a sequência Harry Potter. Tudo gira em torno de sua história, de seus segredos, como o título já aponta e de seus amores. Newt Scamander (Eddie Radmayne) virou um personagem secundário, diferente do que se esperava desde o primeiro Animais Fantásticos. Ele e seus animais fantásticos deram espaço para uma história feita para mexer com a nostalgia do público.

Todas (ou quase) pontas soltas em Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald, foram bem amarradas neste terceiro filme. O vai e vem do roteiro era, claramente, uma tentativa de preencher lacunas. Tudo que ficou mal explicado ou frustrou os fãs teve uma volta e entregou um filme mais coeso.

Desta vez, a magia realmente foi bem explorada. Os animais fantásticos ganharam mais espaço e ficaram, com o perdão do trocadilho, ainda mais fantásticos. O cenário foi mais conhecido. Hogwarts, Hogsmeade e todos os locais tão conhecidos pelos fãs retornaram. A trilha sonora também ficou mais parecida com a primeira franquia. A impressão que fica é que, nas duas primeiras tentativas, a produção tentava deixar o mais descolado de Harry Potter possível. Mas agora, apesar de ser Harry Potter sem Harry Potter, o erro foi corrigido e tudo o que um potterhead quer está lá. 

Essa decisão estratégica de deixar mais próximo do que o público gostaria é acertada. Afinal, um fã órfão gostaria de ver novamente aquilo que mexe com a sua paixão. E nisso, Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore faz bem. É um filme feito sob medida para os fãs. Ou seja, se você não é um grande fã de Harry Potter ou deixou esse hype passar, talvez é melhor escolher outro filme em cartaz. Mas se você cresceu rodeado dos livros, filmes e tudo que permeia esse universo, pode ir ao cinema de coração aberto.

Contudo, preciso confessar que deixei para o final as duas coisas que mais gostei neste novo título da franquia. A primeira foi a substituição de Johnny Depp por Mads Mikkelsen como Grindelwald. O nome de Depp na franquia sempre me desagradou. O ator parece preso em seu papel de Piratas do Caribe eternamente e seu estilo não combinou com o mundo bruxo. Após todas as polêmicas, Mads Mikkelsen entrou no seu lugar. Mikkelsen é um nome carimbado de vilões. E, mais uma vez, convence e agrada. Faz um Grindelwald muito mais convincente e malvado, como deve ser.

E, como não poderia ser diferente, Maria Fernanda Cândido representando o Brasil numa franquia tão grande. A atriz, que foi sempre  excelente nas novelas e minisséries que participou, fez um ótimo trabalho também em Animais Fantásticos. Ao que tudo indica, deve continuar na saga e em um papel de destaque. Aliás, Maria Fernanda dá vida a uma mulher forte e representativa nessa sequência. Cinquenta pontos para o Brasil (ou para sua escola de magia e bruxaria).

Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore é um recomeço para uma saga que prometeu, mas não havia ainda entregado. É possível rir, se envolver e sair com o coração quentinho da sala de cinema. Porém, se é batalha que você espera, precisa esperar ainda mais um pouco. Ficamos no quase, mas com uma promessa de “vem aí”.