CríticaFilmes

Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald | Crítica

Apaixonadas e apaixonados por Harry Potter de todo mundo possuem um grande motivo para correr às salas de cinema a partir do dia 15 de novembro: a estreia de Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald. Mas temos o dever de alertar: nem tudo são flores. Na verdade, quase nada.

Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald é o novo longa da saga Animais Fantásticos, que teve seu primeiro filme em 2016. O roteiro também é assinado por J. K. Rowling, responsável pelos livros e filmes de Harry Potter e dirigido por David Yates, diretor conhecido da saga. Desta vez, J.K. tentou, mas não acertou.

Visualmente, Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald é muito bonito. As cenas são bem desenhadas, o CGI é impecável (problema que foi corrigido desde Animais Fantásticos e Onde Habitam, onde os erros eram visíveis) e a trilha sonora é aquilo que esperamos de qualquer filme que faça parte do mundo mágico. O ‘fanservice’, aqueles links com o cânone de Harry Potter destinados aos apaixonados pela franquia, é bem explorado, mas algumas vezes de forma exagerada, que chega a cansar. A Escola de Magia e Bruxaria mais famosa do mundo, Hogwarts, aparece no filme, junto com o eterno diretor, Alvo Dumbledore (Jude Law) e algumas aulas de defesa contra a arte das trevas. A professora McGonagall (Fiona Glascott) aparece, de relance, e não explica à que veio. Mas infelizmente, não é só ela.

O maior tropeço do segundo filme da franquia Animais Fantásticos é o seu roteiro. Diferente de grande parte da saga, J.K. Rowling entregou um filme cheio de falhas. São muitos personagens, que aparecem e desaparecem o tempo inteiro, com fragmentos da história da qual não conseguimos nos aprofundar. São dramas familiares, passagens importantes, erros culturais e diálogos rasos que costuram a trama. A volta ao passado, com flashbacks confusos e não sinalizados também atrapalham a experiência. Porém, a caracterização do jovem Newt Scamander (Joshua Shea), ainda em Hogwarts é um dos grandes pontos positivos do filme. É nítido o trabalho na semelhança entre os dois, até os trejeitos são similares. O mesmo não podemos dizer para a jovem Leta Lestrange, que nem de longe se parece com a atual. Uma pena.

Dois pontos centrais do título do filme não foram bem explorados. Os animais fantásticos, que ficaram em segundo plano, só foram utilizados para provar a qualidade do CGI e os crimes de Grindelwald, que não foram solucionados. Esperávamos que esta seria mais uma aventura de Newt em busca de animais para a sua coleção, afinal, como ele não trabalha no Ministério, seu trabalho seria continuar catalogando espécies pelo mundo. Mas isso não aconteceu. A única função que ele teve nesse filme foi ir atrás de Creedence. E se tratando de Grindelwald, ainda não sabemos quem é, de onde veio, quais crimes cometeu e sua ligação com Dumbledore, que o diretor classificou como “mais que irmãos”.

Jude Law foi um Dumbledore com pouca emoção

Jude Law é um dos personagens que convence, apesar de faltar um pouco de emoção em sua atuação. Zoë Kravitz faz uma sofrível Leta Lestrange, que não encanta e não convence. Tina Goldstein (Katherine Waterson) faz uma das participações mais confusas do filme, sem mostrar sua importância na trama. Jacob (Dan Fogler) e Queenie (Alisson Sudol), em grande parte do filme somam pouco ao todo. E se você estiver pilhado para ver Nagini (Claudia Kim), pode tirar a sua varinha da chuva. Ela aparece, mas não é nem um pouco empolgante como esperávamos que seria.

Contudo, apesar das fracas atuações, o menos convincente é Johnny Depp e seu Grindelwald. Com um olho diferente do outro, sem muita explicação, aquele que deveria ser um dos bruxos mais temidos da história do mundo bruxo simplesmente não consegue fazer um único discurso coerente. Nem quando ele junta uma turma de apoiadores em torno de si. Não chega aos pés da persuasão de Voldemort, apesar dos trejeitos parecidos que os espectadores mais atentos irão pescar a referência.

Faltou química, atuação e persuasão para Johnny Depp

Paris se tornou um ponto sem muita ligação com o tema. Foi pouco explorada, apesar de seu símbolo máximo, a Torre Eiffel, aparecer em quase todas as cenas ao fundo. Porém, ficamos sem entender as diretrizes do Ministério da Magia do país e não tivemos uma mísera menção à Academia de Magia Beauxbaton.

Com mais dúvidas que respostas, o filme termina como se fosse uma temporada de Lost. Afinal, ainda fica difícil entendermos o que está acontecendo na franquia. Nem o que o título promete, o filme entrega. Assim fica difícil defender. Se você for muito fã de Harry Potter e procura um fanservice sem profundidade, assista Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald. Mas deixe todas as suas expectativas em casa antes de ir ao cinema.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *