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Amor, Casamento e outros Desastres é um desastre completo

Junte todos os clichês de filmes de romance e todos os clichês de comédias pastelão em um liquidificador. O resultado será um filme como Amor, Casamento e outros Desastres. Num emaranhado de histórias, a vida pessoal dos profissionais de casamento se choca com a própria rotina tradicional – sorte no trabalho e nem tanta sorte assim no amor.

Segundo a sinopse, Amor, Casamento & Outros Desastres é uma “Comédia romântica de vários estilos sobre as pessoas que trabalham em casamentos para criar o dia perfeito para um casal amoroso – enquanto as suas próprias relações são bizarras, estranhas, loucas e longe de serem perfeitas“. Idealizada por Dennis Dugan, o responsável por filmes como O Pestinha e muitos filmes de Adam Sandler (é dele os títulos como Cada Um tem a Gêmea que Merece, Esposa de Mentirinha, Gente Grande, Zohan, Eu os Declaro Marido e Larry) Amor, Casamento e Outros Desastres é o tipo de filme que se deve assistir sem a pretensão de uma comédia romântica clássica, com alguma cidade americana de fundo e todos os clichês aceitáveis para o gênero. O diretor dessa vez foi infeliz nos seus principais itens: tanto na comédia quanto no romance, errando completamente a mão nessa receita.

Sendo este misto de muitas histórias, Amor, Casamento e outros Desastres não tem uma trama central e desperdiça bons começos. É possível imaginar ao menos três ou quatro longas românticos que poderiam ser construídos com as ideias aqui iniciadas. É um grande muito de nada.

O maior desses desperdícios é o pouco tempo de tela de Diane Keaton e Jeremy Irons. O casal, que mostra um início de relacionamento na maturidade, vai aprendendo e se conhecendo. Um filme dedicado a esse casal que seria muito mais interessante do que a proposta que temos a seguir.

Diane Keaton e Jeremy Irons têm pouco tempo em tela em Amor, Casamento & Outros Desastres
Diane Keaton e Jeremy Irons têm pouco tempo em tela em Amor, Casamento & Outros Desastres

Jessie (Maggie Grace) parece ser a protagonista do filme, mas pouco sabemos sobre ela. Inclusive, ela parece apática e não consegue exercer esse protagonismo. King Bach, que vive o capitão Richie, sustenta um personagem inteiro em seu carisma, porque a história em que ele é inserido é tão forçada que é difícil comprar.

Amor, Casamento e Outros Desastres talvez fizesse sentido em 2001. Mas em 2021, é de extremo mal gosto. Já começamos pelo título. Considerar Amor e Casamento como um desastre vem de uma cultura machista em que o casamento seria o “fim da vida” dos homens, como se todos os homens adultos que optam por se casarem não estivessem totalmente de acordo e como se o casamento fosse compulsório. Parece que o diretor do filme ficou preso no início dos anos 2000 quando era moda utilizar plaquinhas totalmente desagradáveis como “game over” e coisas do gênero. Mulheres obcecadas por casar, homens que fogem do casamento e as desprezam. 

Pessoas caindo no chão são recorrentes e as piadas com quedas, idem, repetidas à exaustão. Jessie é aquela personagem que tem como seu grande traço de personalidade ser atrapalhada. No reality show simulado no filme, até piada com anões e religião o filme faz sem constrangimento algum. E, o que é ruim, sempre pode piorar. Existe um núcleo com uma stripper russa que se passa por advogada e tem problemas com a máfia. Isso mesmo, com a máfia, que não tinha o mínimo sentido de existir neste filme.

Amor, Casamento e outros Desastres parece feito por alguém que é contra essa ideia de amor romântico e que adora clichês. Até uma moça oriental chamada Yoni (JinJoo Lee) entra na trama para terminar com uma banda de amigos. É inacreditável a quantidade de lugares comuns que esse filme leva ao espectador. Definitivamente, Amor, Casamentos e outros Desastres já nasceu atrasado e tem concorrentes muito mais fortes no mercado.

Amor, Casamento e Outros Desastres estreia nos cinemas (que estiverem abertos) dia 20 de maio.

Veredito da Vigilia

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