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Alexandre Jollien brilha no raso Mentes Extraordinárias

Sucesso no Festival Varilux de Cinema Francês, Mentes Extraordinárias chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (19/05)

O cinema está repleto de histórias de superação. Seja o personagem principal ou seu antagonista percorrendo um caminho para se transformar em uma pessoa melhor, ora o personagem com limitações, mas com força de vontade e uma fé inabalável, conseguem atingir seu objetivo. O público adora filmes assim, mas como em qualquer gênero… existem os filmes bons, os ruins e aqueles que ficam nem lá nem cá. É esse o caso de Mentes Extraordinárias.

O longa francês conta a história de Louis Caretti (Bernard Campan), o diretor de uma empresa funerária da família que dedica a vida toda para o trabalho e Igor Parat (Alexandre Jollien), um homem que teve uma paralisia cerebral ao nascer que trabalha entregando hortifruti para os moradores da região onde mora, enquanto dedica o resto de suas horas à leitura. Devido a um leve acidente de trânsito, as vidas dessas duas pessoas se cruzam e eles embarcam em uma viagem a bordo de um carro funerário para entregar o corpo de uma senhora que faleceu. Duas pessoas completamente diferentes uma da outra, mas nesse trajeto, conhecem outras pessoas, passam por novas experiências e acabam criando um laço de amizade e o melhor: um acaba aprendendo com o outro sobre si e como ter uma vida melhor.

Amigos dentro e fora da tela em Mentes Extraordinárias
Amigos dentro e fora da tela

Alexandre Jollien é filósofo e escritor suíço. Nasceu com paralisia cerebral e a origem da deficiência é a mesma do seu personagem: quando nasceu sofreu um sufocamento causado pelo cordão umbilical em seu pescoço. Aqui ele faz um trabalho belíssimo! De longe, a melhor coisa do filme. Louis faz de seu Bernard um personagem introspectivo, que no decorrer vai se abrindo e ganhando a empatia do público. E como ganha.

Alexandre Jollien, maravilhoso!

Uma curiosidade: eles são amigos de longa data na vida real e ambos dirigem o longa. A direção é segura e delicada, porém nada marcante. Faltou uma leve carga dramática. O roteiro coloca a personagem Cathy (Tiphaine Daviot) no longa, mas ela entra e sai sem afetar os protagonistas e muito menos ela mesmo. Falando em roteiro, ele não aprofunda as questões físicas de Igor, e também não aprofunda o “luto”. Isso pode até ser um problema, mas o longa se dedica a leveza da amizade e de como viver a vida. Poderia ser mais ousado? Poderia.

Mentes Extraordinárias é um roadie movie clichê. É bonito, porém raso. É típico filme que passa nas “Sessões da Tarde” da vida, mas o seu diferencial é o seu protagonista. Passou da hora de introduzirmos mais deficientes tanto no cinema quanto na vida real e que todo preconceito não tenha mais razões de existir hoje em dia.

Veredito da Vigilia

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