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Adaptações ocidentais de obras orientais podem nos livrar das mesmices atuais?

Você que acompanha a Vigília e está por dentro da cultura nerd, provavelmente notou que os super-heróis estão sendo retratados de uma maneira diferente nas telas. A busca por imaginar seres incríveis em um contexto mais realista nunca esteve tão em foco, principalmente nas obras recentes Watchmen, The Boys, Invincible e no recém estreado, O Legado de Júpiter. Tivemos ainda tempo para uma releitura (ou seria “real leitura”?) do filme da Liga da Justiça de Zack Snyder. Bom, tudo isso é reflexo da saturação que as produções de super-heróis tiveram após o MCU inundar as nossas casas com seus 23 filmes, ao longo de 11 anos ininterruptos. 

O jeito como os heróis estão sendo retratados começou a mudar

Pode até ser uma impressão minha, mas esses tais personagens realistas parecem fazer parte de histórias repetidas, que logo logo também ficarão manjadas, ainda mais se as consumirmos em um curto espaço de tempo, como a trinca The Boys, Invincible e O Legado de Júpiter, por exemplo. 

o legado de júpiter
O Legado de Júpiter é a série mais recente de super-heróis

Será que tais fatores fizeram Hollywood voltar os seus olhares para as histórias orientais? Sabemos que Cowboy Bebop irá ganhar uma série da Netflix e que suas gravações já foram concluídas. One Piece parece que também seguirá o mesmo caminho. The Promised Neverland terá uma versão ocidentalizada, ainda sem data definida. Até mesmo Os Cavaleiros do Zodíaco darão as caras em um live-action estrelado pela atriz Famke Janseen (X-Men) e com a produção sendo feita pela empresa polonesa Platige Image, a mesma da série The Witcher, do prólogo do filme da Mulher Maravilha, da DC, e em animações CG de diversos games da atualidade. Talvez a cereja do bolo de todos esses exemplos recentes seja o filme de Gundam, uma das maiores franquias do Japão, ao lado de Godzilla e Ultraman. O live-action tem produção da Legendary Pictures e terá a direção de Jordan Vogt-Roberts (Kong: Ilha da Caveira), com roteiro de Brian K. Vaughan, premiado autor de HQs.

John Cho será Spyke no live-action de Cowboy Bebop

Claro, tivemos tentativas há alguns anos atrás como Speed Racer, e outras mais frustradas como Dragon Ball Evolution e Death Note. Nesses exemplos, isso pode nos deixar com uma pulga atrás da orelha, afinal essas alternativas de se adaptar algo diferente do que estamos habituados a assistir tem seus obstáculos.

Dragon Ball Evolution merece um textão só pra falar mal desse filme

É inegável que os estilos de se consumir, criar e até vender super-heróis é diferente em relação um ao outro. Enquanto vemos personagens como Superman na DC ou um Capitão América na Marvel, tendo as suas histórias repaginadas para os dias atuais, mas mesmo assim nos fazendo ler os mesmos personagens (com um reboot aqui e ali), nos mangás vemos uma outra abordagem. Nos quadrinhos orientais lemos histórias com início, meio e fim, durante pouco mais de uma ou talvez nem chegando a uma década, dando mais veracidade ou talvez fazendo uma geração conseguir acompanhar toda a jornada daquele personagem. Quando se quer que um conceito se perpetue, são criadas as franquias, como vemos nos tokusatsus, apresentando a cada temporada novos protagonistas, oxigenando sempre que uma nova era se inicia.

Até hoje Superman é o referencial para a criação de tantos super-heróis

Enquanto nossos avós sabem que o Bruce Wayne é o Batman, não podemos dizer que apenas fulano de tal é o Kamen Rider, por exemplo. Por mais que no Japão existam mangás como Berserk, que vem sendo publicado a mais de 30 anos (e que após a morte prematura de seu autor, não sabemos como terminará) ou um anime como One Piece, que estreou em 1999 e continua até hoje na TV Japonesa, ainda assim tais personagens estão inseridos em uma mesma linha cronológica desde o início de suas jornadas. 

Nunca saberemos o verdadeiro final de Berserk

Provavelmente veremos mais obras extraídas de mangás do que de HQs sendo adaptadas para Hollywood nos próximos anos. Assistir a heróis utilizando capas, sentados em volta de uma mesa para decidir como irão salvar o mundo, ao mesmo tempo que precisam lidar com os problemas presentes na sociedade americana, soa como um eco de algo que acabamos de assistir no mês passado.

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