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Adão Negro segue a fórmula … e nem chega a ofender

Adão Negro (Black Adam) chegou aos cinemas brasileiros (tem sessões antecipadas já na quarta-feira, dia 19) com a batida promessa do astro Dwayne The Rock Johnson. Como ele vem antecipando (a exaustão) desde o anúncio do longa, “a hierarquia do poder vai mudar na DC”. O aceno, como os fãs já imaginavam, era uma referência clara ao maior super-herói da editora, o Superman. Também pudera, é dele o status de mais forte e poderoso defensor da paz. E basicamente, a promessa se cumpre. Não da forma mais inovadora, mas cumpre. Adão Negro é o típico blockbuster de herói… ainda que o personagem antes visto entre os balões e recordatórios seja um vilão. É um filme formulaico, que segue a receita à risca. E isso é ao mesmo tempo uma boa e uma má notícia.

Boa notícia é porque não temos um desastre como vimos em Mulher-Maravilha: 1984 e Esquadrão Suicida (David Ayer, 2016). Entre os últimos comparativos dentro da editora, ele está muito mais para Aquaman, mas sem a inventividade de James Wan. Aliás, a criatividade passou um pouco longe aqui. E essa é a má notícia: tudo que vemos em Adão Negro é uma repetição. De falas, de quadros, de origens, de abordagens, de explosão de CGI e da tentativa de colar uma boa trilha sonora. Nada aqui é original. Ao mesmo tempo, o filme não chega a nos ofender.

A origem mitológica de Adão Negro é bem construída, e dá uma oportunidade interessante de um pequeno plot-twist ao final do longa, fechando uma lacuna que não fica clara (propositalmente) em seu epílogo. Já os personagens que cercam o nosso protagonista são jogados na trama sem grandes necessidades de contar origens. E isso, nessa altura do campeonato, também é um bom sinal. Ninguém mais aguenta ver a origem de tanta gente em um filme só.

Adão Negro e Gavião Negro se encaram antes do quebra pau
Dwayne “The Rock” Johnson encara (muitas vezes) o líder da Sociedade da Justiça, Gavião Negro.

A Sociedade da Justiça já existe e é recrutada por Amanda Waller (Viola Davis) em uma ponta interessante, que dá profundidade a ideia de universo compartilhado, assim como a rápida passagem da personagem Emilia Harcourt (Jennifer Holland) de O Esquadrão Suicida e da série do Pacificador. Eles possuem uma base no melhor estilo desenho animado e são liderados pelo Gavião Arqueiro (vivido por Aldis Hodge, que vai bem na ideia, com deslizes marcantes em sua pretensão em encarar o anti-herói). O Senhor Destino é tudo que já vimos em Doutor Estranho (e o comparativo é inevitável), com uma ótima presença de Pierce Brosnan. Já Quintessa Swindell como Ciclone e Noah Centineo como Esmaga-Átomos (Homem-Formiga mandou um alô) são coadjuvantes de luxo. Mais servem para colorir a tela/festa do que propriamente ter algum tipo de importância. Se eles não estivessem ali, não fariam a menor diferença na trama.

Quintessa Swindell
Qiuntessa Swindell protagoniza cenas legais, mas também tem seus momentos de série da CW

E claro, temos a trama. Temos? Sim, a mesma de sempre. Ser poderoso é solto depois de 5000 anos em um país fictício que explora um mineral poderoso (Eternium) – Sério, essa galera fica um copiando o outro e quanto mais a gente pensar nisso, pior fica –. Em sua volta ele acaba batendo de frente com uma organização criminosa e o grupo de super-heróis surge para lidar com a “ocorrência de um novo super” no pedaço. Eles se enfrentam inicialmente, mas depois, precisam lidar com um problema maior e em comum. A organização criminosa “Intergangue” está lá, mas, também não diz muito a que veio.

Pierce Brosnan como O Senhor Destino
Sarah Shahi vive Adrianna e Pierce Brosnan entrega um imponente Senhor Destino

Nessas idas e vindas, o diretor Jaume Collet-Serra gasta mais do que a metade do filme, até que então, temos a reviravolta que apresenta o vilão superpoderoso. E claro, ele emula todos os poderes do protagonista. A nêmesis de sempre. Temos o quebra-pau final e pronto. Está apresentada a nova grande super-força da DC no cinema. Tudo isso ao longo de pouco mais de duas horas, onde, no máximo, uma ou duas piadas vão funcionar.

Completando a fórmula Marvel… (ops), temos a cena pós-créditos que ninguém conseguiu guardar segredo e que o próprio The Rock já entregou. Ela é legal e traz uma trilha sonora capaz de aquecer o coração dos que são nerds a mais tempo. Realmente, sem ela, o filme perderia bastante do seu peso. O problema é que a DC já colocou dois heróis para se enfrentar alguns anos atrás … e como sabemos, não deu muito certo.

Mas Adão Negro é isso. Blockbuster e figurinha repetida. O importante é que não ofende ninguém.

Veredito da Vigilia

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