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A Viúva das Sombras: nem sempre uma fórmula funciona

Saudades de um terror com estilo documental e aquela mistura de realidade na tela? Pois A Viúva das Sombras (com estreia dia 25 de fevereiro) tenta apelar exatamente para esses parâmetros, se amparando nos fatos de que muitas pessoas se perdem nas florestas de São Petesburgo, e de lá, poucas voltam. O longa é assinado pelos mesmos criadores de A Sereia e A Noiva.

Embora os dados sejam reais e o início do filme seja bem instigante, emulando entrevistas reais com os moradores para criar o clima do que está por vir, a trama toda não sustenta sua vigorosa apresentação. O resultado é um filme que vai se perdendo e deixando seus aspectos mais interessantes para trás, não tendo vergonha de se curvar totalmente à mesmice dos filmes de terror que tratam de espíritos na floresta e lendas urbanas.

É no interior arborizado e frio da cidade europeia que vemos os primeiros takes com moradores mais antigos da cidade se referindo ao espírito das trevas que persegue trilheiros que por lá se aventuram. Os poucos que voltaram, é claro, reaparecem mortos com algumas peculiaridades que costumam forjar as características de cada uma dessas lendas urbanas. No caso de A Viúva das Sombras, os cadáveres são encontrados todos nus, com suas roupas ao lado.

Feitas as introduções, somos logo em seguida apresentados a um grupo de bombeiros voluntários que está em campo fazendo alguns treinamentos. Junto com o grupo, que leva equipamentos próprios em um precário furgão, uma jovem jornalista faz uma matéria documentando o papel do grupo. O estilo found footage tenta retornar com as intervenções dessa personagem, mas ao contrário do início do filme, as intervenções parecem muito mais artificiais e menos assertivas.

Nem sempre uma câmera na mão (ou na cabeça) é sinônimo de terror competente!

O grupo recebe um pedido de ajuda para salvar um garoto desaparecido. O sol vai se despedindo e a noite cai. Pronto. O clima todo já está preparado para que os sustos possam começar. E eles até podem chegar, mas nada que seja muito animador ou inovador. É quando A Viúva das Sombras começa a rondar o grupo, que vai se separar lentamente. 

Apesar de vermos os voluntários tentarem fazer algo de bom, suas ações são amadoras demais. E encontrar um corpo nu de uma mulher na floresta vai contribuir com isso. A forma como abordam os primeiros socorros é digno de todos os tipos de críticas. O tom documental vai dando lugar aos efeitos especiais e jumpscares exagerados jogando tudo que tinha construído por terra. Outra tradição que não funciona nesses filmes de terror russo são as adaptações: invariavelmente chegam ao Brasil dublados em Inglês. As atuações se perdem bastante nesse ciclo.

Cenários frios jogam sempre a favor de um filme de terror, e a Rússia chega então como um prato cheio. E mesmo com alguns momentos inspirados, há um caminho entre o documental e o ficcional que A Viúva das Sombras se perde demais, chegando ao seu destino final com um corte abrupto e um plot-twist pouco animador.

Veredito da Vigilia

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