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A Vigilante do Amanhã: Ghost In The Shell | Crítica

Calcada em um visual incrível e ótimos efeitos especiais, A Vigilante do Amanhã: Ghost In the Shell, adaptação do mangá (e depois da animação), é um espetáculo à parte. Mas diferente das suas origens, o filme retrata tudo de forma um pouco mais simplificada e menos densa, o que serve bem para aqueles que nunca tiveram contato com os originais. A essência do questionamento se a vida e a alma humana podem continuar existindo em um corpo de robô continua sendo a tônica, e os já iniciados vão gostar das cenas que retratam, tal qual como os seus anteriores, as ações de Major (vivida grandiosamente pela estrela Scarlett Johansson).

Scarlett dá vida para Major

A direção de Rupert Sanders, por sua vez, homenageia e respeita muito os fãs e o criador de toda a saga, Masamune Shirow. A impressão logo de início é que estamos realmente flutuando pela cidade tecnológica, o ano é 2029, que além da animação, nos lembra também o clássico Blade Runner. A imersão fica ainda melhor em uma tela IMAX. Todo o clima do original está muito bem amparado e muito já se podia ver nos inúmeros clipes e trailers divulgados do filme. O que mostra toda a preocupação com a produção.

A cidade e a ambientação são destaques na adaptação

A costura toda fica amparada na relação de Major com o seu passado. Ao contrário da animação, onde já se parte de sua existência, o filme inicia introduzindo a produção e construção da personagem, desde sempre tida como única, e uma precursora de uma novo modelo de vida. No mundo de Ghost In The Shell, parte-se do princípio de que os melhoramentos dos humanos baseada em novas tecnologias misturadas ao corpo são a nova base do futuro. Ter um braço robô ou um fígado artificial para manter o vício da bebida são alguns desses exemplos. A discussão toma os processos e relações políticas que motivam a divisão policial que Major pertence a agir. Mas, o que a leva adiante é a provocação que ela recebe de um protótipo anterior ao seu sobre quem ela é verdadeiramente. A sua jornada de crescimento é lançada e ela precisa saber qual a sua identidade e o verdadeiro motivo de sua existência.

Não se engane, o drama maior é vivido pela personagem máquina

Relação Homem x Máquina

O clássico da ficção científica, a relação homem x máquina e sua possibilidade de viver eternamente em um corpo (a proteção, a concha a que o filme se refere) é explorada de forma mais clara. Desde o princípio do longa estamos lançados a esta situação. Pode nossa alma continuar vivendo, mesmo nós estando realocados em outra concha? Para Major sim. Mas, como produto, ela teve lembranças implantadas e suas memórias apagadas. O pouco que ainda vive em sua mente a instiga a buscar pelo seu passado. Tudo isso é reforçado pelo seu antecessor. É aí que tudo vem a tona. Mas nada sem antes termos escancarada as melhorias a que os humanos podem se beneficiar com as tecnologias implantadas ao corpo. Tal como visto no seu principal amigo, o personagem Batou (vivido por Pilou Asbaek, que veremos também como Euron Greyjoy em Game Of Thrones). A busca pela “concha” perfeita é também o motivo da ambição dos grandes inimigos.

Batou é o único em que Major pode confiar

Clima e clímax

O clima todo e a ambientação fazem jus às origens de Ghost In The Shell. Tudo recriado com muita fidelidade. Embora a adaptação não siga a risca o que vimos na animação, ela reconta a história de Major de forma mais pessoal e íntima. O andamento da história e o ritmo narrativo remetem diretamente à animação. Já o clímax é uma homenagem certeira ao desenho, com direito a robô tanque aranha e tudo. O drama final é recontado de forma quase igual, exceto pelo desfecho, que acaba sendo um pouco mais promissor para a personagem e um pouco menos chocante que o produto original.

É importante destacar que, embora um esperado blockbuster, A Vigilante do Amanhã – Ghost In The Shell, não é um matinê. Por isso, acima de tudo, quem já conhece, vai ter mais chance de se conectar à obra, que é uma das boas adaptações do cinema em 2017.

Veredito da Vigilia

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