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A Primeira Noite de Crime | Crítica

Primeiramente não perca as contas, “A Primeira Noite de Crime” é o quarto longa da franquia “The Purge”, que ficou conhecida no Brasil como “Uma Noite de Crime”. O primeiro tem exatamente esse nome “Uma Noite de Crime” (The Purge, 2013), seguido de Uma Noite de Crime: Anarquia (The Purge: Anarchy, 2014) e 12 Horas Para Sobreviver: O Ano da Eleição (The Purge: Election Year, 2016), todos dirigidos por James DeMonaco. Agora em 2018, temos o prequel, mostrando como tudo começou com a absurda ideia do governo, empurrando goela abaixo a decisão de que uma noite sem regras pode ajudar no “desenvolvimento e na manutenção” de uma cidade, um Estado ou um País. Dessa vez, a direção passou para as mãos de Gerard McMurray, que trabalho com Ryan Coogler (Pantera Negra) em Fruitvalle Station: A Última Parada (2013). Toda a franquia “Noite de Crime” é assinada também pela Blumhouse, tradicional dos filmes de terror.

“Ser Pobre não é Crime”, mas o governo parece não ligar

Novamente, o pano de fundo de todas essas desculpas para armar a população e deixá-la fazer o que quiser é basicamente para que os mais favorecidos se sobressaiam sobre a população mais necessitada. Ou seja, acabar com a pobreza aniquilando os pobres – ou ainda, deixando que eles mesmos façam isso. O pior de tudo é que essa ideia absurda às vezes permeia a nossa realidade, e essa é a discussão do filme para além do entretenimento, terror, suspense e tensão que já são características prontas da família “Noite de Crime”. Aliás, a família cresceu duas vezes neste ano de 2018. Além de “A Primeira Noite de Crime”, que estreia dia 27 de setembro em todo o Brasil, também estreou recentemente pela Amazon Prime Video, serviço de streaming da Amazon, a série “The Purge”, que traz esse universo de um Estados Unidos alternativo onde a cada ano, uma noite sem regras é tolerada para roubos, mortes e tudo de pior que o ser humano pode conceber. Essa também foi uma das séries novas que conhecemos esse ano durante a SDCC 2018.

 

Em A Primeira Noite de Crime, vemos novamente um filme que vai direto ao ponto, sem enrolações, como é característico da saga. Logo de cara somos apresentados ao “experimento”, a primeira vez em que a ideia de uma noite de catarse total é testada. E para isso, é claro, nada melhor que uma comunidade carente, em uma ilha mais isolada dos grandes centros. Os personagens, cada um com seu ponto de vista, tocam a narrativa de forma interessante. Temos Isaiah (Joivan Wade) o jovem introvertido que quer se provar perante os “amigos”, a líder de um forte protesto contra as decisões terríveis dos governantes, Nya (Lex Scott Davis) e Dmitri (Y’lan Noel) um bem sucedido mafioso que não abandona o bairro pobre onde cresceu. Completam o time a Dra. Updale (Marisa Tomei – Homem-Aranha: De Volta ao Lar) em uma ponta como a cientista que quer analisar a reações psicológicas do experimento e o agente do governo Arlo Sabian (Patch Darragh), que vai mexer seus pauzinhos para que a vontade do governo se sobressaia. Afinal, quem está com o controle remoto nas mãos, não é mesmo?

Se as coisas não derem certo, o governo estará lá para puxar o gatilho

Acima de tudo, A Primeira Noite de Crime busca mostrar a luta de classes. Uma defende que o experimento (deixar todo mundo se matar) é uma verdadeira excrescência e que o mundo deve ser melhor do que isso. Que a violência nunca foi a solução pra nada. Que podemos ser verdadeiramente humanos. Já outro quer fazer valer a máxima de que, se permitido, as pessoas realmente não respeitam limites de tolerância, civilidade, ética e bom senso. E no meio de tudo isso, sub-tramas que nos fazem pensar, e torcer por um dos lados. Tudo regado a tensão, violência, sangue e intrigas. Vale ressaltar também que o filme se vale de algumas tecnologias para criar novos ícones do cinema de terror, e alguns funcionam muito bem como intensificadores de tensão, como as lentes coloridas que vão registrar cada ato dos “voluntários”. Com isso, é possível cometer crimes e ganhar uma grana do governo. Já pensaram numa “Bolsa Família” para quem saísse matando gente na rua? É mais ou menos por aí. Mais um paralelo político assustador para se pensar.

Mas calma, também temos nossos momentos heroicos

A Primeira Noite de Crime pode não ser o melhor de todos os filmes desse universo, mas não fica devendo para seus antecessores e é um bom produto de entretenimento para quem gosta do gênero e da franquia, mostrando como tudo começou e como se chegou a níveis ainda mais absurdos como em Uma Noite de Crime, Anarquia e O Ano da Eleição. Mas que esse tipo de catarse fique restrito às telonas. A Vigília Recomenda!

Veredito da Vigilia

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