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A Maldição da Residência Hill | Crítica

A Maldição da Residência Hill estreou em outubro no catálogo da Netflix, fazendo um grande barulho, logo de saída. E na verdade, esse barulho é totalmente justificado, pois são poucas as séries de terror que conseguem conciliar tantas subtramas e valorizar todos os personagens do início ao fim ao propósito de uma única história. Esses personagens são perseguidos por uma estranha força que os liga a uma das casas mal-assombradas mais famosas dos Estados Unidos. A Maldição da Residência Hill (The Haunting of Hill House) é uma releitura do romance de Shirley Jackson. Na história, cinco irmãos sofrem um trauma durante os poucos meses em que vivem na residência, que é tão grande quanto assustadora. O trauma é retomado muitos anos depois, com o suicídio da irmã caçula Eleanor, ou Nellie (Victoria Pedretti). As engrenagens que envolvem a misteriosa casa e a morte começam a rodar a partir daí.

Criada e dirigida (alguns episódios) por Mike Flanagan, A Maldição da Casa Hill não é apelativa quanto a violência e sangue. Flanagan foi o diretor de Jogo Perigoso uma adaptação de mais um conto de Stephen King, onde também fez a dobradinha com a atriz Carla Gugino (Watchmen), que na série atua como a mãe de família Olivia. A série procura manter a tensão e o espectador sempre alertas, e vale prestar atenção em tudo que acontece, sem desprender dos diálogos, que muitas vezes são marcantes.

Além da caçula Nellie e a mãe de família Olivia, é importante destacar cada um dos personagens, que aparecem como crianças e também como adultos. Steve (Michiel Huisman, o segundo – e broxante – Daario Naharis de Game of Thrones) é o mais velho. Após os traumas, usou a história de vida da família para fazer dinheiro com um livro, que não por acaso, se chama A Maldição da Residência Hill. Cético, ele pensa que as suas visões são uma doença psicológica e da genética da família, apesar de ter escrito a ficção que flerta com o sobrenatural. Shirley (Elizabeth Reaser, da saga Crepúsculo) é a irmã do meio, mãe de família, fria e controladora, ela é dona de uma funerária e não terá problemas em embalsamar e preparar o velório da própria irmã. Luke (Oliver Jackson-Cohen) é gêmeo da falecida Nellie, viciado em heroína, mas com um grande coração. Temos ainda Theodora (Kate Siegel), que faz a irmã sensitiva, que tal como a Vampira de X-Men, usa luvas para não usar seu dom em momentos inapropriados. Ela pode ter visões com um simples toque. Por fim, o pai de família Hugh (vivido por Henry Thomas quando jovem e por Timothy Hutton, na fase mais velha). Ele é o chefe de família preocupado, que está sempre querendo consertar as coisas, seja na casa, seja na vida dos filhos. Traçados esses perfis, cada um terá uma importante contribuição no desenrolar da série. Mas não podemos esquecer da própria casa, que acaba sendo um dos principais protagonistas de toda a obra.

A Residência Hill esconde muitos mistérios!

Com 10 episódios de quase uma hora cada, a produção é concisa, sem fazer grandes rodeios. Mas sua linearidade é bem flexível e grandiosamente casada com movimentos de câmera e transições. Se um personagem abre uma porta, do outro lado podemos ter a história voltando no tempo com o mesmo enquadramento e outro protagonista. Se uma luz apaga, ela pode acender e nos levar para outro cenário. São várias as passagens de tempo e espaço feitas de forma muito orgânica, sem confundir o espectador, ou mesmo subjugar seu entendimento.

Éramos uma linda família!

E claro, o importante está lá: o terror e os sustos. Nada de gore, trash ou jumpscares malfeitos. Temos sim fantasmas, mortos-vivos e alguns monstros espalhados pela casa mal-assombrada, visões e situações angustiantes, tudo como manda o figurino. Mas elas em nada tiram o fardo dos grandes dramas de cada membro da família. A produção da Paramount é um ganho e tanto. Não há qualquer efeito especial que fique devendo a uma grande obra do cinema, colocando A Maldição da Residência Hill em um outro patamar, até mesmo para as produções com carimbo da Netflix. E, querendo ou não, você vai torcer e se preocupar com todos os envolvidos.

Impossível não se importar com o futuro dos pequenos

Mas o mais importante e interessante em A Maldição da Casa Hill é contar fortes dramas pessoais mesclados a uma história sobrenatural e de terror. E, na verdade, toda a parte aterrorizante e fantasmagórica da produção é uma forma de mostrar os porquês de cada um deles ter aqueles dramas particulares. É o passado que justifica o futuro. E somente encarando a história é possível reparar e amenizar os problemas do presente e vislumbrar um futuro.

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