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A Máfia dos Tigres, a nova série documental imperdível da Netflix | Crítica

Você gosta de séries documentais polêmicas, que contam histórias reais, mas que mais parecem ter saído de um livro que mistura terror, comédia e drama? Se a resposta foi sim, então é sua obrigação assistir A Máfia dos Tigres (Tiger King), que estreou no catálogo da Netflix no dia 20 de março. A produção conta mais um caso surreal dos Estados Unidos, onde criadores e admiradores de tigres e grandes felinos se entredevoram em uma novela maluca que mais parece uma montanha-russa cheia de altos e baixos (na verdade mais baixos do que altos). Se você achou que Wild Wild Country era impactante, Fyre Festival vergonhoso, e Bandidos na TV cabulosa, então veja os limites do surrealismo serem superados por Joe Exotic, Carole e Howard Baskin, John Finlay, Jeff Lowe, Baghavan Antle, Travis Maldonado e muitos outros.

O maior desafio de escrever sobre A Máfia dos Tigres possivelmente será tentar expor os oito episódios disponíveis na Netflix sem estragar surpresas ou mesmo dar um grande spoiler. Mas fique tranquilo eles não aparecerão por aqui. Começamos pelo cartão de visitas do serviço de streaming. A primeira vista, você olha para as artes e trailers da série e talvez bata de ombros. Mas basta assistir ao primeiro episódio por completo para saber que o livro (a série) não pode ser julgado pela capa. Até porque falar de donos de tigres e zoológicos nem sempre nos dão a ideia de que esse mundo possa ser mais estranho que a ficção (isso mesmo!). Entre excêntricos e bizarros personagens, conhecemos Joe Exotic, uma pessoa que destoa do nosso imaginado estereótipo de norte-americano do interior do estado de Oklahoma. Apesar de andar com uma arma na cintura e gostar de música country (e até se lançar como um cantor ‘fake’), Joe é administrador de um zoo de beira de estrada. Mas com pouca experiência de administração e muita extravagância, ele deixa seu ego falar mais alto para sempre estar no centro das atenções. Ele é casado com dois jovens (poligâmico mesmo) e ataca para todos os lados em que possa criar fama.

Carole Baskin é uma das personagens estranhas (e assustadoras) de A Máfia dos Tigres

Mas temos outros jogadores na mesa. Junto de Joe, vemos novos amantes de grandes felinos que formam uma certa sociedade, ou cadeia de criadores de tigres (leões e outros animais de grande porte também entram na jogada). Um deles basicamente mantém um culto próprio (e também poligâmico). Temos também alguns mafiosos do mundo das drogas e figuras notoriamente golpistas. Essa cadeia se vê ameaçada com o ingresso de Carole Baskin, uma (também bizarra) ativista dos direitos dos animais e dona de um “santuário” de resgate de grandes felinos. O conflito é tão grande entre todos eles que Joe Exotic vai acabar (depois de muita, mas muita treta) na prisão sob acusação de planejar a morte da ativista. Mas tranquilo, isso não é um spoiler (até está no trailer).

Morte, drogas, e claro, mais tigres

Distribuídas todas as cartas, o documentário se destaca por narrar a história e fazer com que todos os personagens retratados assumam que o material da série é verdadeiro, mesmo que não julguem suas aparições como as mais adequadas. E isso talvez ateste ainda mais o poder da narrativa, que já tinha tudo para ser impressionante pelo número incrível de situações intrínsecas a Joe Exotic e as consequências de suas ações. Ele consegue oscilar entre o carisma, crimes e ideias absurdas. Entre elas, a já mencionada ameaça de morte. Mas é claro, não é só isso. Temos ainda um quase óbvio acidente com os tigres (ou até dois), uma morte acidental, abuso de drogas, crimes sem explicação, programas de TV, campanhas eleitorais (!) e muita confusão. A espiral de bizarrices só cresce.

Muitas tretas, muitos tigres.

Tudo é detalhado por entrevistas, mas acima de tudo, ilustrado pelo rico material disposto pela busca desenfreada pela fama que Joe Exotic tinha. Isso rendeu uma tentativa de ter seu próprio reality show. Ou seja, as coisas muitas vezes não precisam ser contadas, elas são realmente mostradas em imagens. Rick Kirkham, que trabalhava como produtor de TV, possibilitou que os diretores Eric Goode e Rebecca Chaiklin pudessem criar esse verdadeiro ‘show da vida’. Um show que só vendo para crer. E que com certeza é mais estranho que a ficção.

Veredito da Vigilia

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