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A irregularidade de “Os Irregulares de Baker Street”

Diretamente do universo (e da rua) do Sherlock Holmes, a nova série da Netflix sobre um grupo de jovens que resolve mistérios sobrenaturais é ambiciosa e faz jus ao nome: é irregular.

Os fãs de um dos maiores detetives do mundo (não digo o maior, pois Batman) não têm muito do que reclamar neste primeiro momento. Após a Netflix nos trazer o longa “Enola Holmes”, protagonizado por Millie Bobby Brown (e já com promessas de sequências), o streaming agora nos traz uma nova série, que acompanha um grupo de adolescentes de rua que passa a ajudar o nosso caro Watson em alguns casos sobrenaturais na Londres vitoriana. Liderados por Bea (Thaddea Graham), o time, que vive em um porão ao lado de um bar, ou melhor, um pub, acaba se envolvendo na investigação de crimes bizarros que passam a acontecer na cidade.

Episódio a episódio, acompanhamos os “Irregulares” no que lembra uma espécie de Supernatural do século 19, na caçada a monstros e aberrações. Além disso, assim como na recente Lovecraft Country, as aventuras, que têm seu início, meio e fim a cada episódio, vão conectando os pontos e nos trazendo um panorama maior, que envolve todos os casos em um grande mistério, cuja única resposta parece vir do nosso time de detetives adolescentes.

O problema, no entanto, está no desenvolvimento dessa grande narrativa que vai surgindo, que ora parece engrenar, ora não. Com isso, a vontade de aumentar a velocidade de reprodução na barra de play do episódio, vai aumentando.

os irregulares de baker street bastidores
Muitos mistérios e tons sobrenaturais na Londres Vitoriana

Apesar da ótima atuação de Thaddea, a protagonista que leva a série nas costas, e uma performance ao menos aceitável de seus colegas, não criamos uma preocupação real com os seus problemas. E isso não tem nada a ver com o fato de estarmos falando de casos sobrenaturais. 

Para os curiosos, o tão adorado Sherlock surge pela metade da temporada, em um desempenho satisfatório da parte do ator Henry Lloyd-Hughes (de Killing Eve).Já Royce Pierreson, que interpreta o Dr. John Watson, nos apresenta uma versão menos carismática desse grande parceiro de investigações, mas, ao mesmo tempo, entregando uma diferente faceta do personagem que, ao final dessa história, parece combinar bem com essa nova proposta.

monstros os irregulares de baker street
Vilões no melhor estilo Supernatural!

Infelizmente, nem mesmo o argumento “Sherlock Holmes” e os aspectos sobrenaturais da série levam “Irregulares de Baker Street” a se tornar uma grande série. Sua premissa nos levava a crer que teríamos algo mais relevante em termos de narrativa e efeitos. Ainda assim, vale ressaltar que temos belos figurinos, mistérios interessantes e alguns dramas bem próprios.

Para quem chegar com baixas expectativas, Os Irregulares de Baker Street pode ser um programa bem satisfatório com a releitura que se propõe. A dica é acompanhar episódio por episódio e não em maratona.

Veredito da Vigilia

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