Labirinto do Medo: final interessante, desenvolvimento… nem tanto
Labirinto do Medo (Dead Places, no título original), é uma série original da Netflix que narra a história do escritor Will Stone (Anthony Oseyemi), autor de um best-seller com casos sobrenaturais solucionados por ele. Depois de anos na Inglaterra, Will volta à sua pátria natal, na África, em busca de novos casos para desvendar e, assim, escrever seu novo livro. Mais do que isso, ele busca resolver seus próprios problemas do passado.
Logo de cara, ele é solicitado por Kelly (Shamilla Miller), uma influenciadora que grava um fantasma durante uma live em suas redes sociais, e passa a ser “ajudante” de Will. Aos dois, se somam o ex-policial (Rea Rangaka), contratado para para ser motorista e “segurança”.
Até ai, tudo bem, uma trama interessante!
Quem já assistiu Supernatural (série protagonizada pelos irmãos Sam e Dean Winchester), ou qualquer outra série que trata do mesmo assunto, vai reconhecer uma estrutura parecida com a apresentada em Labirinto do Medo. Uma trama “principal” (a história de Will com sua irmã), que é praticamente esquecida durante alguns episódios da série, e um monstro, espírito ou fantasma novo a cada capítulo, sem conexão com o seguinte ou com o anterior.
A série aposta na mitologia africana, ou seja, não veremos lobisomens, vampiros ou qualquer outra criatura ordinária, como os fãs de Sobrenatural, para usar o mesmo exemplo, estavam acostumados. Mas, mesmo a boa intenção e essas novidades não são suficientes.
As criaturas apresentadas não passam “realidade”. A maquiagem dos fantasmas ou monstros não nos dão uma sensação de que realmente aquilo deva nos preocupar, e, muitas vezes, chega até mesmo a ser engraçado. Confesso que assistir, de certa forma, foi um desafio. O ponto alto se deu no último episódio, mesmo que ele pareça estar completamente desconectado da temática sobrenatural que a série se propôs a trazer desde o início.
AVISO: SPOILERS A BAIXO!
Em dos episódios, descobrimos que Kelly, a assistente de Will, foi a sobrevivente de um notório serial killer. Will, por causa de seu passado, faz consultas online com um médico. E a relação entre esses dois acontecimentos, se dá no último episódio, que, se tivesse feito a série girar em torno dele, poderia ter sido muito mais relevante.
O psicólogo criminal do caso, Stephen Cragg, que atendia as vítimas do serial killer, acabou tendo um interesse maior nelas do que no próprio assassino em si, aliás, eles eram amigos. Mais que isso, parceiros nos sequestros. Will descobre que sua irmã, não foi morta, mas sim, raptada. Mais ainda, Stephen Cragg a mantém em cativeiro, com várias vítimas, executando um doentio “experimento”, como ele chamou, querendo mostrar sobre como os traumas afetam as pessoas. As pessoas raptadas eram mantidas em celas com o que, pelo que deu a entender, imagem de seus entes próximos, em tempo real, vendo como eles seguiam a vida, mesmo com o sumiço de alguém que eles amavam.
Talvez tenha sido uma tentativa de dizer que os verdadeiros monstros são as pessoas, mas, mesmo assim, não foi o bastante. Três episódios seriam o bastante para entender a série e toda e, ouso dizer, apenas com esses três (o episódio inicial, o episódio onde Kelly conta sobre o seu sequestro e o episódio final) a experiência seria melhor do que com os outros cinco.
No final, Labirinto do Medo tenta, mas não convence. A Vigília recomenda, caso você esteja entediado em um fim de semana.