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7 Dias em Entebbe, o novo filme de José Padilha | Crítica

Depois de Tropa de Elite 2 e uma passagem pelas séries Narcos e O Mecanismo (ambas da Netflix), o diretor José Padilha volta aos cartazes de cinema adaptando mais um capítulo da história em 7 Dias em Entebbe (Entebbe). A estreia é dia 19 de abril em todo o Brasil.

Mantendo sua pegada de contar fatos verídicos, José Padilha agora opta também por outros caminhos para narrar uma trama que envolve política, guerra, violência e atitudes extremas. Mas embora esses itens se conectem com seu histórico como cineasta, aqui o volume e a intensidade são moderados. Ao que parece, o diretor brasileiro, que atualmente reside nos Estados Unidos, optou por exibir uma história sem alguns apelos. Com mais cadência e algumas soluções mais poéticas, Padilha parece querer mostrar um outro lado e uma outra característica.

José Padilha (no centro) comanda a função toda em 7 Dias em Entebbe

Em 7 Dias em Entebbe temos a dramatização da história de um chocante ato de terrorismo ocorrido em 1976. No verão daquele ano, um grupo de extremistas raptou um avião da Air France que fazia a conexão entre Tel Aviv (Israel) com Paris (França). Entre os captores, dois palestinos e dois alemães radicais, vividos por Daniel Brühl (Capitão América: Guerra Civil) e Rosamund Pike (Garota Exemplar). Além da histórica crise política e civil entre Palestina e Israel, dentro de todo o processo ainda foi revisitada a questão de alemães contra judeus. A ideia dos extremistas era chamar a atenção, além de buscar um ato que trouxesse mais seguidores para a causa. Era basicamente um ato suicida, e para não sofrer impactos ou envolvimentos de outros países, o avião foi levado para o aeroporto de Entebbe, na Uganda, país liderado por outro líder exótico e que negociou tranquilamente com os sequestradores. E Padilha remonta esses 7 Dias Em Entebbe traçando uma linha entre núcleos políticos, extremistas e de passageiros.

Longe de ser sua obra mais importante, 7 Dias em Entebbe cresce mais pela temática abordada do que propriamente sua narrativa. Infelizmente, Padilha criou um filme um tanto genérico sobre política, terrorismos e uma guerra sem fim. Não saímos do filme tão impactados como em longas anteriores. Tão pouco afetados a ponto de criar caso nos debates políticos da vida, tal qual ocorreu com O Mecanismo. A distância tupiniquim com a temática pode ser uma explicação, mas é fato que nem no momento mais crucial de 7 Dias em Entebbe temos a tensão e a visceralidade que conhecemos do cineasta. As atuações de Daniel Brühl e Rosamund Pike também não chegam a nos cativar ou prender nossa atenção. Nem mesmo com os passageiros conseguimos criar algum tipo de conexão. E, com certeza, isso não é um bom sinal. De saldo positivo temos o enredo que conta como alguns políticos cresceram com aquela situação, e um interessante jogo de cenas com Shimon Peres (Eddie Marsan – Atômica), na época Ministro da Defesa, e também Yitzhak Rabin (Lior Ashkenazi), primeiro-ministro. Curiosamente Shimon Peres e Yitzahk Rabin receberam o Nobel da Paz em 1994, juntos de Yasser Arafat.

Shimon Peres (Eddie Marsan) e Yitzhak Rabin (Lior Ashkenazi) tentam comandar uma arriscada operação.

O ato terrorista de 1976 ganhou outras adaptações para o cinema e para a televisão na década de 70. Um deles teve Charles Bronson como protagonista (!), chamado de Resgate Fantástico (Raid on Entebbe) de 1976, mesmo ano do atentado. Outro foi Operação Thunderbolt (Mivtsa Yonatan) de Israel, 1977, e outro para a TV norte-americana, chamado Vitória em Entebbe (Victory at Entebbe) também de 1976. Esse último com direito a Linda Blair (O Exorcista), Kirk Douglas (Spartacus, e também dá pra citar que é o pai do Michael Douglas), Richard Dreyfuss (Tubarão), Elizabeth Taylor (Cleopatra) e Anthony Hopkins (O Silêncio dos Inocentes, Thor: Ragnarok). Vale o registro.

Daniel Brühl e Rosamund Pike comandam o sequestro histórico.

José Padilha mostra em sua nova obra que continua atento a temas importantes e que cumpre seu papel de diretor com toda competência que conhecemos. Junto dele, Lula Carvalho (na fotografia) e Daniel Rezende (diretor de Bingo – Rei das Manhãs), que aqui fez a edição, formam uma equipe afinada. Em 7 Dias em Entebbe temos uma grande mensagem, mas no final das contas, essa não será a obra pela qual continuaremos lembrando dessa turma toda. Vale a mensagem, peca a narrativa.

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