Crítica

3% é mais do mesmo (no bom sentido) | Crítica da 3ª temporada

A primeira temporada deu o tom, a segunda respondeu as perguntas. E a terceira repetiu o que foi feito nos dois primeiros anos de 3%. Desta vez, a série foi focada na Concha, o local que foi construído pelos desertores do Maralto e os eliminados no Processo.

Mas, como era de se imaginar, nem tudo são flores. O lugar seguro que foi construído, utopicamente, inclusivo e para todos, começou a ficar pequeno e com poucos recursos. E para resolver isso é preciso fazer… um processo. Desta vez, 10% dos moradores da concha podiam permanecer no local. Michele (Bianca Comparato), parece ter aprendido tudo certinho com Ezequiel (João Miguel), seu mentor.

Bebendo direto da fonte de Ensaio sobre a cegueira, 3% parece querer mostrar o que aconteceria com o mundo caso a escassez de recursos fosse real (um dia vai ser!). As brigas são constantes, os mantimentos são pauta de discussões o tempo todo e o maior medo existente é que acabe a água.

Com fotografia e estética similar às duas primeiras temporadas, a série apresenta uma constância em seus elementos. Porém, talvez por ser focada em um elenco mais jovem, as atuações estão fraquíssimas. Os diálogos são rasos e infantis. A ausência de João Miguel é sentida, Bianca Comparato e Vaneza Oliveira – a melhor atuação da série, disparada – não conseguem sustentar o todo. Era de se esperar que os atores evoluíssem nos três anos, mas na maioria dos casos, isso não aconteceu.

Michele na concha
Michele aprendeu direitinho com Ezequiel…

E se os atores não amadureceram, pelo menos 3% amadureceu em vários aspectos. A trama apresenta ainda mais elementos e personagens diferentes. A terceira temporada é praticamente uma reedição das duas primeiras, porém, são explorados muitos outros aspectos que passaram batidos e que tínhamos curiosidade de descobrir. A crises políticas, as reviravoltas e as brigas de bandido-mocinho prendem nossa atenção.

A produção acerta muito em apostar na Música Popular Brasileira (MPB) em várias cenas, complementando os acontecimentos. Mas, a música de suspense em vários momentos é muito alta, irritando o expectador, enquanto a música instrumental tema da série é tocada a exaustão. Será que não era interessante mudar a abertura, como foi feito no segundo ano de O Mecanismo?

Ensaio sobre a cegueira 2.0?

Com cara de Star Wars, principalmente no visual dos personagens, nos momentos do deserto e quando aparece a tropa do Maralto, 3% é como se fosse uma Malhação distópica, que bebe direto da fonte das novelas brasileiras, mas num bom sentido. No geral, a série, em seu roteiro, melhorou muito de uma temporada para a outra. A próxima – porque tudo indica que teremos – precisa melhorar os diálogos e amadurecer os atores. Os fãs de 3% vão gostar do novo ano da primeira série brasileira da Netflix.

Veredito da Vigilia

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