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12 Macacos | Crítica da série

Iniciando sequência de fragmentação….

Essa é a frase que é dita quando os viajantes do tempo sentam na máquina do tempo que os leva para os diversos “quandos”, na trama dessa série baseada no filme de 1995 de Terry Gilliam (está na nossa lista numero 1 de filmes de viagem no tempo aqui da Vigília). Por sua vez, Os 12 Macacos, de Terry Gilliam é baseado no primeiro filme (ou série de fotos não colocadas em sequência) A Pista (La Jetee) (que estão na outra parte da nossa lista).

Cassandra (Amanda Schull) e James Cole (Aaron Stanford) viajantes do tempo para salvar o mundo.

Tudo começa com um vírus que dizimou a humanidade. E neste futuro apocalíptico, se criou uma máquina do tempo para que alguém pudesse desfazer essa catástrofe. Temos então três pontos diferentes com requintes, sabores e possibilidades igualmente diferentes. O curta francês “A Pista” pode ser difícil de assistir para os olhares mais adaptados aos filmes comerciais, mas (spoiler) entrega a trama básica do filme “12 Macacos” de Terry Gilliam. Já o filme de 1995 com Bruce Willis e Brad Pitt ainda hoje é um enigma para muitos, pois traz dúvidas sobre a realidade dos personagens e também o clima claustrofóbico das câmeras de Gilliam, que dão um tom escuro e que permitem várias interpretações. O que não acontece nessa série americana, que originalmente passou no canal SyFy (e temos aqui também na Netflix), que esmiúça bastante o roteiro básico do filme, cria novas teorias, novos personagens e novos plots para prosseguir por quatro temporadas (treze episódios nas duas primeiras e dez e onze na terceira e na quarta).

Seguindo a ideia explicada acima, James Cole (Aaron Stanford, visto anteriormente X-Men 2 como o vilão Pyro) retorna ao passado (2015) para evitar que o vírus se espalhe e entra em contato com a Dr. Cassandra Railly (Amanda Schull), bióloga especialista em disseminação de vírus. Ele se apaixona por ela no decorrer das temporadas (óbvio né!). Aqui começam os problemas da série. Primeiramente não conseguimos “shippar” esse casal. Aaron Stanford não consegue se desfazer do papel canastrão de Pyro, tanto que mantém a mesma aparência do mutante piromaníaco durante todas as temporadas. Essa canastrice não convence como ator de ação, que por muitas vezes se faz necessária ao personagem. Quando força uma lágrima em algum momento mais emotivo (são poucos, mas existem) ou em momentos de paixão pela linda Dra. Cassandra, ele tem a mesma expressão facial em todas cenas.

A atriz Amanda Schull (vista em diversas pontas em séries como Suits) é esforçada e até se faz valer nos momentos mais emotivos, mas também tem pouco perfil para cenas de ação, lutas e tiroteios. Por alguns episódios a personagem some para que se dê ênfase em outras partes da trama, como a procura da cidade que viaja no tempo “Titan”, ou ainda uma arma divina que irá ajudar a salvar o mundo. Aliás, essa ideia de que sempre tem que haver alguma coisa, ou alguém (A Testemunha) divino que vai ajudar na salvação da pátria, já é extremamente batida e reforça a fragilidade no roteiro. Retomando a parte artística da série, é de se elogiar a piradinha Jennifer Goines (Emily Hampshire, anotem aí esse nome) que faz, desfaz, surta e faz rir em diversos momentos da série (meio que fazendo o papel de Brad Pitt no filme original).

Entre idas e vindas no passado, presente e futuro, temos algumas participações especiais (outras nem tanto) como: Michael Hogan e James Callis (de Battlestar Galactica), Xander Berkeley (The Walking Dead), David Dastmalchian (Homem-Formiga 1 e 2), Conleth Hill (Game Of Thrones), Mark Margolis (Better Call Saul) e a melhor (mas pouco aproveitada) Christopher Lloyd (Trilogia De Volta Para o Futuro) fazendo homenagem a esse gênero de filme.

Um vilão mascarado, queremos!

Voltando a trama, que simplesmente por conter viagem no tempo já dá um nó em algumas cabeças, fica muito esticada, envolvendo ainda outros elementos, nos levando a era medieval, velho-oeste americano, anos 80, colocando os personagens em situações para dar uma aliviada no drama e no clima de escuridão e trevas do futuro. Penso que alguns dramas pessoais poderiam ser simplificados, explicações de quem é pai de quem, ou mãe de um é também filha de fulana, podem causar mais confusão e também foge e não colabora com a história principal. Outro furo é a ideia de objetos trazidos nas viagens ao tempo. Quando convém eles explodem quando confrontados com eles mesmos de outras épocas, quando não convém, isso não acontece, subestimando a inteligência do espectador.

Apesar da série se esforçar para costurar todas as linhas temporais, alguns furos são notados (ou ainda sugeridos). Como o tema viagem no tempo sempre pode ser confuso e essa não é uma série que fala só disso, não chega a incomodar, mas também não vai te fazer saltar do sofá com alguma cena ou ainda te deixar pensando por dias com teorias mirabolantes sobre como o insosso James Cole poderia ter resolvido mais facilmente a trama.

Detalhe importante: o final é diferente do filme.

Éderson Nunes

@elnunes

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