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Meu Nome é Gal não convence nem emociona

Cinebiografias musicais parecem ser desafios inglórios. Afinal, podemos numerar os bons filmes, mas perdemos as contas dos que não nos agradam. Na quinta-feira, dia 12 de outubro, chega aos cinemas Meu Nome é Gal, a biografia de Gal Costa.

Protagonizada por Sophie Charlotte, o filme escolhe como recorte os primeiros anos da carreira de Gal. Uma tímida menina da Bahia que chega à cidade grande cheia de medos e com uma bela voz. Rodrigo Lélis vive Caetano Veloso e Dan Ferreira, Gilberto Gil. Os dois ganham tanto espaço em tela que Gal acaba sendo basicamente uma coadjuvante da sua própria história. Acaba ‘escanteada’ pelos célebres amigos que estão vivendo, criando e cantando por um mundo melhor. Enquanto ela passa o tempo todo com receio, escondida, culpada.

A Gal tímida do interior se transforma na Gal cantora sem o espectador notar. Seu figurino se modifica de uma cena para outra num rompante tão rápido que o público fica se questionando se piscou por tempo demais e a construção da personagem aconteceu enquanto não se pudesse notar.

Rodrigo Lélis vive Caetano Veloso e Dan Ferreira, Gilberto Gil em Meu Nome é Gal
Rodrigo Lélis vive Caetano Veloso e Dan Ferreira, Gilberto Gil.

Dirigido por Lô Politi, que assina também o roteiro e por Dandara Ferreira, que vive Maria Bethânia no longa, Meu Nome é Gal tem sérios problemas técnicos. A continuidade é falha em diversos momentos de uma forma brusca e muito notável. Contudo, o que mais incomoda é a falta de sincronização entre o que está sendo cantado e os lábios dos atores. É muito falso, fora do tom e até mesmo, fora da carga dramática. Não se vive a música de Gal, Caetano e Gil.

Além desses problemas, o filme utiliza o recurso de simular uma câmera de filme analógica até a exaustão. O filtro entra em tantos momentos que é cansativo e as imagens de Gal e os amigos no parque ou na praia são utilizadas para esticar um roteiro que poderia ser de um média-metragem. As imagens de arquivo também vão para este mesmo caminho.

Fora do tom, são poucas atuações que podemos salvar deste filme. Chica Carelli vive uma mãe crível e Luis Lobianco convence um pouco mais como Guilherme Araújo, o empresário da turma. Sophie Charlotte faz uma primeira fase boa e depois parece se desconectar com Gal.

E acredito que esse seja o maior problema de Meu Nome é Gal. A falta de conexão. Tentei, durante todo o longa, ser cativada. Me conectar com a personagem, com a época, com os acontecimentos. Mas não fui conquistada, emocionada, convencida. Falta. Os 87 minutos de filme, com um final abrupto e sem muita explicação, cheios de imagem de arquivo, se tornam aquém de Gal Costa e do significado da sua voz para o Brasil e o mundo.

Veredito da Vigilia

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