CríticaFilmesNews

DROP: um thriller que não conecta

Novo thriller de suspense, Drop: Ameaça Anônima, promete momentos potentes de agonia e tensão, utilizando tecnologias do momento como ferramenta de tortura psicológica, mas tropeça na execução.

No longa, um aplicativo estilo AirDrop, que permite anonimato em seu uso, é utilizado para atormentar a personagem principal, Violet (Meghann Fahy, de The White Lotus, da HBO/Max). No meio de um primeiro encontro com Henry (Brendan Sklenar, de É Assim que Acaba), o passado traumático de Violet e a ameaça ao filho transformam tudo em um completo pesadelo.

Drop já começa fora de rumo. A tentativa de grandiosidade da vinheta remete mais aos thrillers B anos 1990/2000 do que a um formato realmente interessante como nos filmes de 007.

A premissa do ataque digital à personagem, que precisa seguir uma série de regras e comandos, busca trazer um sentimento de urgência e preocupação, relembrando outras produções em que o tempo e a obediência são cruciais para salvar o dia. Por um Fio (2003), Celular: Um Grito de Socorro (2004) e até mesmo o princípio geral da série 24 Horas (2001/2010): Drop relembra – ou homenageia, dependendo da boa vontade do espectador – o formato, mas não entrega tudo que poderia. 

Mesmo com uma edição interessante, com o formato das mensagens aparecendo na tela e jogos com as imagens de câmeras de vigilância, a sensação que fica é de que algo faltou. Do roteiro, à execução e ao produto final: tudo permanece na linha da mediocridade — nem bom o bastante para empolgar, nem ruim o suficiente para ser memorável.

E dentro disso, o próprio potencial dos atores parece ter sido subaproveitado. Um diálogo entre Violet e Henry, em que a protagonista desabafa sobre o seu passado problemático e violento, com flashbacks e esclarecimentos, traz mais drama e tensão do que o restante do filme. Dois bons atores com boas performances em um filme “meia boca”. 

Esse momento da conversa dos dois, junto ao resultado do filme, que não conseguiu nos deixar sem ar como poderia, nos mostra que, na maioria das vezes, basta fazer o simples bem feito. Não era de se esperar um filme completamente disruptivo e inventivo em Drop, mas, ao menos que trouxesse a tensão e o envolvimento que um bom suspense precisa.

Drop: Ameaça Anônima tenta se destacar, mas acaba sendo mais um longa genérico

Em plena época de lançamento da nova temporada de Black Mirror, por exemplo, em que praticamente todo episódio consegue nos envolver em seus primeiros 10 minutos, ter um longa-metragem (também hollywoodiano) como esse gera cansaço.

Como ponto positivo, vale destacar a boa execução do formato de um “único cenário”. A maior parte das cenas se passa no restaurante onde o encontro acontece, tendo somente os primeiros e últimos minutos se passando na casa da protagonista. Nesse caso, o restaurante desempenhou um papel importante e interessante visualmente ao filme.

Drop nos leva, entretanto, a pontos um tanto absurdos, desafiando as leis da física e, consequentemente, nos tirando da imersão (se é que estávamos, realmente, imersos). Soluções fáceis e dramáticas visualmente não combinam mais com a era em que vivemos. 

Com o desenrolar de tudo, o filme ainda se encerra com uma atmosfera de romance, mostrando mais uma vez seu formato genérico, datado e sem sal. 

Apesar de tudo isso, sempre busco analisar cada obra dentro do que se propõe. Se a proposta for um filme padrão, sem grandes reviravoltas, para não se preocupar muito com os detalhes e apreciar o “colírio” Brenda Sklenar, vale a pena conferir Drop: Ameaça Anônima quando chegar no streaming. Só não vá com muitas expectativas, que tudo ficará bem.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *