Doentes de Amor | Crítica
Preste atenção neste filme: Doentes de Amor (The Big Sick). Aparentemente sem grandes chamativos, você pode até não ligar muito e julgar pela capa. Mas se fizer isso, estará perdendo uma das boas comédias românticas do ano. Com estreia dia 19 de outubro, o filme é dirigido por Michael Showalter, e o roteiro é de Emily V. Gordon e Kumail Nanjiani (Um Crime Para Dois). Com uma pegada de Master Of None, não por acaso somos levados à vida de ninguém menos que Emily e Kumail. Exatamente. Os roteiristas viveram tudo o que se passa no longa (ou quase tudo), o que torna a produção ainda mais especial.
Com o tom de filme indie e independente, Doentes de Amor trata de um relacionamento complicado e que vai nos fazer rever vários temas. Principalmente aqueles aos quais temos preconceito por falta de conhecimento. De um lado, o rapaz paquistanês, que vive em Chicago, faz stand-up comedy, Uber, e tenta esconder da família que não segue a cartilha do Islã e da cultura de mais de 1400 anos. De outro, a menina norte-americana, estudante de Psicologia, que saiu de um relacionamento cheio de compromisso e que começa a abrir novamente seu coração. Nessa mistura toda, famílias bem diferentes, carreiras, amigos e alguns baques que vão misturar tudo isso de uma forma um tanto complicada.
Essa mistura de culturas e realidades nos joga para vários ensinamentos e diálogos da vida real. Afinal, o que é o amor? Quando você sente que está realmente amando alguém? Invariavelmente é quando você sente a perda. E nem sempre a vida vai lhe dar uma segunda chance. O preconceito e a falta de conhecimento também surgem como uma barreira. E é claro, quem sente isso da pior forma é nosso amigo do Paquistão. E até em sua família, que também o julga por namorar com uma “garota branca”. Há no filme quem diga que os paquistaneses são todos terroristas (grande erro parça!) da mesma forma arcaica que vemos em várias realidades, várias cidades, em vários estados, e infelizmente, em vários países, seja com quem veio do Oriente Médio ou seja quem tem um tom de pele diferente.
As referências da cultura pop (além da paquistanesa) também guiam Doentes de Amor. Todas as meninas “arranjadas” pela mãe de Kumail pesquisam seus gostos, e seguidamente citam sua série favorita: Arquivo X. E isso gera algumas cenas bem engraçadas. Kumail também curte um George Romero e dá bastante valor para filmes bem legais. A sua criatividade como comediante também vai ser usada para os principais conflitos com a família, que obviamente não aceita suas escolhas. Afinal, como ele não quer casar com uma menina paquistanesa que nunca viu na vida e estudar Direito, não é mesmo? Só para deixa claro, esse questionamento é uma ironia.
Sem engrenar grandes spoilers, fica a dica pra você também dar uma chance para Doentes de Amor. Que no final das contas, é uma bela história da vida real.
A Vigília Recomenda!