Deadpool & Wolverine: um respiro no MCU
Chegou a hora de falar de um dos filmes mais aguardados do ano: Deadpool & Wolverine. Mas antes de falar do filme, como um todo, vou começar a resenha repassando algumas informações de cunho pessoal para situar meu local de fã. A primeira é que minha mutante favorita é a Tempestade, inclusive uma das minhas gatas se chama Ororo. Sempre achei Wolverine resmunguento demais, porém engraçado e funcional dentro da equipe dos X-Men, quando compondo o trisal com Jean Grey e Ciclope. Quanto à Deadpool, nunca esteve nem perto dos meus personagens favoritos.
Confesso que o combo “porradaria e piadinhas” que fez parte dos gibis de heróis da década de 1990 nunca foi meu forte. Nessa época eu estava mais interessada em Sandman, Hellblazer, Constantine… esse tipo de material um tanto mais sombrio. Por fim, também não sou uma pessoa muito ligada em comédia enquanto gênero cinematográfico / audiovisual.
Mas vamos lá!
Dito isso, o encontro da dupla de heróis pela primeira vez nas telonas funciona muito bem! Deadpool & Wolverine me fez voltar para casa com a mandíbula doendo de tanto rir. A química entre Ryan Reynolds e Hugh Jackman realmente é o destaque do filme que de certa forma funciona de maneira coesa como um grande fan service e que lida com a autoironia em torno da Marvel, Disney e Fox.
A grande sacada do filme (dirigido por Shawn Levy de Free Guy e Stranger Things) para além da mensagem um tantinho coach sobre “propósito” e “equipe” é justamente não se levar a sério e de certa forma retornar ao material desses quadrinhos e dos primeiros filmes de super-heróis mais despretensiosos. Apesar das conexões com o MCU, sobretudo na relação com a série Loki, Deadpool & Wolverine não insiste no excesso de conexões e foca em pancadaria (por vezes cansativa), tiração de sarro com os multiversos da cultura pop – heróis, música, até futebol e participações especiais -, que incrivelmente ainda não vazaram nas redes sociais. O papel da trilha sonora, que mistura Madonna, N’Sync e até Green Day também faz a diferença neste grande parque de diversões que é o filme.
Um novo caminho

Muitos críticos apostam na possibilidade desse filme apontar um novo caminho frente aos últimos fracassos do MCU. Não sei se é para tanto, já que há uma especificidade no personagem do Mercenário Tagarela que faz com que ele seja uma espécie de “bobo da corte” da Marvel e que permite que as falas do personagem cheio de alfinetadas e referências, flua de forma mais criativa e irônica.
O debate sobre o esgotamento do gênero “filme de super-heróis” talvez seja sim precipitado, uma vez que tudo indica que ele se desdobrou em subgêneros como aventura, drama, comédia, ação política – a série The Boys está bem de audiência – sci-fi, e quem sabe mais adiante até romance ou musical. O trailer do novo filme do Capitão América mais uma vez retoma à espionagem e à alternância entre comédia e filmes mais dramáticos que tem sido a tônica das produções nos últimos anos.
Outros destaques do filme são os atores ingleses em seus clássicos papéis de vilões: Matthew Macfadyen (o eterno Mr. Darcy de Orgulho e Preconceito), como Sr. Paradoxo da TVA e Emma Corrin de The Crown como Cassandra Nova, a irmã de Charles Xavier.
Deadpool & Wolverine é um momento de respiro e risadas (que vão funcionar mais ou menos devido ao grau de conhecimento do espectador em relação ao universo da cultura pop em geral) e uma espécie de retorno a uma Marvel com menos pretensões, além de uma despedida da era Fox. O encontro da dupla de super-heróis não vai revolucionar o gênero cinematográfico, mas vai permitir duas horas de diversão antes de uma nova jornada do estúdio.